A obra Compêndio de ciência da religião ganha em 3º lugar o prêmio Jabuti da área de ciências humanas. Ela contém uma série de textos, muito bem organizados pelos Doutores Frank Usarski e João Décio Passos, que contemplam diversas temáticas inclusive sobre o ensino religioso. Esse livro apresenta uma reflexão ampla e profunda sobre os assuntos abordados.
Para ver mais detalhes da obra:
http://www.paulinas.org.br/loja/?system=produtos&action=detalhes&produto=524131
Este Blog proporciona subsídios para os professores do Ensino Religioso de Roraima
sábado, 20 de dezembro de 2014
O ensino religioso: desafios e perspectivas
A revista de Teologia e Ciências da Religião apresenta uma edição sobre o Ensino Religioso. Você pode ler no Editorial:
Este número da Revista de Teologia e Ciências da Religião da UNICAP tem como tema “Ensino Religioso: desafios e perspectivas”. É importante lembrar que o Ensino Religioso tem como objetivo desenvolver a dimensão religiosa do ser humano, no conjunto de sua formação integral...
Continuar lendo ....
http://www.unicap.br/ojs-2.3.4/index.php/theo
Este número da Revista de Teologia e Ciências da Religião da UNICAP tem como tema “Ensino Religioso: desafios e perspectivas”. É importante lembrar que o Ensino Religioso tem como objetivo desenvolver a dimensão religiosa do ser humano, no conjunto de sua formação integral...
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http://www.unicap.br/ojs-2.3.4/index.php/theo
Como surgiu o calendário
Como é bom a gente aprender rindo ...
A gravação é de 2007, mas como serve para nós ainda hoje.
Você vai ter que baixar para ouvir.
Calendario do caipira
Confirmação da teoria do big bang
Como pode um ponto inimaginavelmente pequeno transformar-se num
volume dum berlinde de brincar, num tempo tão curto que mal o podemos
medir?
Resposta: deixando uma marca indelével de ondas gravitacionais.
Continuar lendo:
http://www.astropt.org/2014/03/17/inflacao-cosmica-descoberta-espetacular-confirma-teoria-do-big-bang/
Resposta: deixando uma marca indelével de ondas gravitacionais.
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http://www.astropt.org/2014/03/17/inflacao-cosmica-descoberta-espetacular-confirma-teoria-do-big-bang/
Entender como a ciência vê o universo
Uma sequência de programas apresentados pelo Fantástico da Rede Globo, o Poeira das estrelas, dá uma visão da ciência sobre o universo. É interessante a gente observar esses vídeos, pois é dessa forma a compreensão dos cientistas, mas não de todos. É uma visão interessante de como é visto o universo a partir da ciência, de suas principais teorias, como a do big bang, por exemplo.
Acesse o link que lá você observa a sequência do programa Poeira das estrelas:
https://www.youtube.com/results?search_query=Poeira+das+estrelas
Acesse o link que lá você observa a sequência do programa Poeira das estrelas:
https://www.youtube.com/results?search_query=Poeira+das+estrelas
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
RELAÇÃO DE CONTEÚDOS: 6º AO 9º ANO
6º ANO |
7º ANO |
8º ANO |
9º ANO |
1. Cultura de tradição oral nas religiões: 1.1. Oralidade e religiões antigas 1.2. Os mitos e a identidade religiosa 2. Textos das tradições religiosas: 2.1. Textos Sagrados 2.2. Textos das religiões Orientais 3. As Lideranças religiosas 3.1. O iniciadores das religiões 3.2. Projetos missionários e proféticos 4. Revelações nas religiões: 4.1. As revelações nas religiões Orientais 4.2. As revelações nas religiões Ocidentais |
1. As origens das tradições religiosas: 1.1. As religiões mundiais 1.2. Religiões afro-brasileiras e indígenas 2. A ética nas religiões: 2.1. O bem e o mal 2.2. Valores religiosos 3. Costumes religiosos na família e na sociedade 3.1. Critérios de costumes familiares 3.2. Os costumes religiosos na sociedade 4. As denominações religiosas no Brasil: 4.1. História das religiões 4.2. Novos movimentos religioso |
1. Os ritos e os símbolos religiosos: 1.1. Diversidade religiosa 1.2. Divindades e fé 2. Morte ressurreição e reincarnação: 2.1. Vida além-morte 2.2. Ideias de retorno e morte 3. A violência no contexto religioso: 3.1 O fundamentalismo das religiões 3.2 O diálogo como superação da violência 4. Celebrações do Judaísmo 4.1. O ano novo judaico: o dia do julgamento 4.2. O contexto da páscoa |
1. A vida comunitária nas tradições religiosas: 1.1. Problemas sociais e religião 1.2. Leis, normas e comportamento 2. Espiritualidades: 2.1 Vida espiritual religiosa 2.2. Vida espiritual dos sem-religião 3. Transcendente nas religiões 3.1. As divindades 3.2. O ser humano e o sentido da vida 4. As dimensões coletivas das manifestações religiosas: 4.1. A relação entre estado e religião 4.2. Religião e política no Brasil |
Texto: Espiritualidade
Organizadores:
Prof. Esp. Francisco Ribeiro da Silva e Me. Manoel Gomes Rabelo Filho
Resumo:
Este texto contem uma apresentação das ideias dos Professores Dr.
José Policarpo Júnior e Dr. Marcelo Pelizzoli sobre o significado
de espiritualidade no contexto filosófico do humanismo e no contexto
religioso.
Entre espiritualidade e religião há uma relação possível,
mas não necessária. As tradições religiosas promovem e ajudam o
fiel a desenvolver a espiritualidade no sentido que Dalai-Lama nos
coloca: “A espiritualidade produz uma mudança interior no ser
humano”. Mas isso não é necessário e nem todas as religiões ou
vivências religiosas conduzem ao desenvolvimento da
espiritualidade.1
Há uma série de polêmicas relacionadas às questões de
espiritualidade e religião. O primeiro aspecto a se compreender é
que a espiritualidade está para a religião assim como o mito está
para a mística. A religião é uma dimensão instituída de ritos e
vivências de algo anterior, que é a mística, a conexão do ser
humano com o sagrado. Esta conexão entra numa dimensão fundante do
ser humano em todas as tradições religiosas, antes do cristianismo,
antes das organizações religiosas propriamente ditas. As religiões
constituem uma vivência mais organizada da espiritualidade, mas a
espiritualidade é anterior. A própria palavra espiritualidade tem a
ideia de espírito. Há pessoas que a entendem como algo
fantasmagórico, mas nas tradições mais antigas, como em grego
Pneuma é o ar e ao mesmo tempo é espírito, em hebraico Ruah
que é o sopro e também
espírito e o Spiritus
em latim. Todos possuem uma ideia conectada com a natureza, não uma
coisa abstrata. Religião
possui uma ideia de religar o homem com o sagrado. Na tradição
Ocidental, muito marcada pelo cristianismo, se volta muito à questão
de Deus, de religar o homem com Deus, ao monoteísmo, que não é a
maioria da humanidade, nunca foi.2
O
que é espiritualidade?
Espiritualidade é uma compreensão determinada do ente humano, de
todos os seres, e também um modo de viver, correspondente a tal
compreensão. Para o meio intelectual é muito fácil separar o que é
da existência – o que se vive – do que é da esfera do
pensamento. Na espiritualidade esta separação é impossível, ou
inadequada. É preciso que a compreensão do ser humano seja
associada ao modo de viver, tudo o que promove no ser humano a sua
unificação consigo mesmo, com os outros, com o ambiente, com o
cosmos, e para aqueles que acreditam com o sentido último, isto é
espiritualidade. Essa unificação é promovida por atividades
humanas que são do âmbito do invisível. No campo da filosofia as
atividades espirituais como a razão, o acesso aos valores, o querer,
o julgar são atividades espirituais, isto é, não são do visível,
mas do invisível. Nem por isso são atividades menores. São
essenciais ao ser humano. Ele só se unifica consigo mesmo e com os
outros, com o ambiente por meio do cultivo desta dimensão que é a
esfera do invisível.3
A espiritualidade é uma compreensão, não meramente racional, é um
diálogo da vida inteira do sujeito da vida com a verdade, da
adaptação do ser humano ao social, ao natural e acima de tudo uma
vivência. A espiritualidade é uma dimensão prática de sentido,
não é simplesmente dizer “eu acredito que Jesus salva” e eu
estou salvo. Isso não tem relação com a espiritualidade, pois ela
é a vivência naquilo que ocorre. Lévinas diz que “espiritualidade
é a fome do outro”. Com isso ele dá um corte nas dimensões muito
abstratas e dogmáticas da espiritualidade, porque é a fome que o
outro está passando, que é um ser humano como eu, e ao mesmo tempo
a fome que eu tenho do outro, do grande Outro, a fome que se tem em
nível de espiritualidade no sentido mais profundo que você pode
chamar de Deus, pode chamar de natureza, de amor. É importante
pensar uma espiritualidade não dicotômica. Temos uma tradição
milenar de uma espiritualidade dicotomizada – reforça a separação
extrema entre bem e mal, entre Deus e o diabo – reforçada pelas
religiões. Aquela noção maniqueísta do mundo, ou se é do bem ou
do mal. É claro que todos querem pertencer ao grupo do bem. Como
vencer isso, visto que uma espiritualidade que afirma serem os outros
do diabo e a si mesmos como salvos não é espiritualidade, porque
trai toda a tradição de espiritualidade, no sentido de uma tradição
adequada, do sujeito no mundo, do papel de aceitação do outro, da
aceitação da vida que no fundo é o amor. Se observarmos Cristo,
Buda e outros possuem esta tradição. Na Índia existem templos com
casais realizando ato sexual, o que não há em um templo Ocidental.
Para um dogmático do Ocidente isto representa a decadência,
significa um pecado. Para uma pessoa que não tem essa dicotomia, o
sexo é a perfeição da espiritualidade.4
Para Comte-Sponville – autor de O espírito do ateísmo –
ser ateu não é negar a existência do absoluto, é negar que o
absoluto seja Deus. Há, no Brasil, o crescimento dos sem-religião,
isto representaria o fim espiritualidade nessas pessoas? Certamente
que não, o próprio Luc Ferry em sua obra – A revolução do
amor: Por uma espiritualidade laica – trata da importância da
espiritualidade laica. É possível uma espiritualidade laica entre
ateus, no entanto têm-se a dúvida se os ateus aceitariam o termo
espiritualidade, mas deve-se ter atitude de respeito quando não há
a aceitação.5
Carl Gustav Jung afirma que o último obstáculo para se chegar ao
sagrado – o mais profundo, podendo ser Deus – é a religião.
Muitas vezes a religião pode reproduzir – como dizia Sigmund Freud
– dimensões neuróticas do ego, do sujeito, os medos mais
profundos, da sua carência, da sua falta, da sua dimensão de
incompletude do ser humano. Há, portanto, um limiar complexo, muito
próximo entre neurose e uma espiritualidade mais sadia. Vê-se
problemas de pessoas que tem uma visão dogmática, que cai numa
neurose, até numa psicose.6
É possível que a religião seja a ponte para algumas pessoas
desenvolverem a espiritualidade autêntica. É claro que absolutizar
não é o caminho. Muitas pessoas encontram de fato este aspecto
valioso, por meio das religiões.7
As religiões são veículos que conduzem a algum lugar. Esse lugar é
a dimensão mais profunda do ser humano, que é a dimensão da
vivência do sagrado. É algo mais profundo que dá um sentido de
transcendência do ser humano, da busca pela alteridade, pelo outro,
pela sua completude, é a ideia de religação. As religiões tem
grande importância, por outro lado podem criar obstáculos dos mais
terríveis. Observa-se isto através de um fenômeno, que está
aparecendo no Brasil e não era muito comum, chamado fundamentalismo,
que é o maniqueísmo ou dogmatismo da concepção de um povo eleito,
o único salvo. A noção de que se vai para o inferno, de que só
uma religião salva, de que só há uma forma de Deus. Existe uma
visão de um Jesus branco e de olhos azuis, que é um deus judaico e
depois passado para a Europa – uma noção europeia de deus.8
Significa que a visão que se tem de Deus é antropomórfica. Os
seres humanos dão forma para o sagrado conforme a cultura. O Buda,
no Japão, tem os olhos puxados. Não importa se Deus é amarelo,
branco ou não for nenhuma pessoa, não é necessário nem ser uma
pessoa, ele pode ser impessoal. No Budismo e em várias religiões
ele é impessoal. Isso não interessa, o que interessa é que a
vivência desse sagrado seja um bom veículo, e que chegue ao local.9
Em certo sentido já nascemos com a espiritualidade. Ela é
desenvolvida, cultivada. Em outro sentido ela é inata – já
nascemos com ela – na medida em que já desenvolvemos uma
compreensão da espiritualidade. A tradição budista diz que o Buda,
após se iluminar percebe que tudo é perfeito, que todos os seres já
eram perfeitos, antes dele se iluminar, que o nosso mundo é
perfeito, isto é, existia uma perfeição intrínseca, quando a
pessoa percebe a profunda conexão com todos os seres e com todos os
contextos, ela entende que tudo já é espiritual. Para que alguém
desenvolva ou se aproxime desta compreensão, certamente, a
espiritualidade vai ter que ser cultivada, desenvolvida. Não há
forma única e nem a educação garante coisa alguma. Existem meios
de facilitar o progresso nesse caminho, mas não há uma garantia
neste sentido. Sem dúvida é algo que precisa ser aprendido para nos
relacionarmos de forma criativa, respeitosa, profunda, valiosa com
seres humanos e precisamos aprender com isso. Esse aprendizado
implica algumas construções internas e algumas construções de
interação. Tudo isso precisa vir a ser desenvolvido, não nasce
pronto. As experiências valiosas e significativas são formadoras do
humano. Se aprende a ser justo fazendo experiência de justiça. Por
exemplo Matin Luter King foi uma pessoa que enfrentou a situação,
desenvolveu uma compreensão e soube estar a altura desta compreensão
para vivê-la.10
A mística é o sentido último de toda espiritualidade. É a
conexão mais profunda com o que se pode chamar de Numinoso, isto é,
o sagrado. Desse encontro dos sentidos mais profundos da vida humana
que envolve coisas práticas da relação entre seres humanos, a
ética, o meio ambiente, o cosmos. Para diferenciar mito e mística,
primeiro é necessário dizer que o mito, de mithos (grego),
de narrar, contar dimensões essenciais de como era no início, de
dar sentido para um contexto, para um país. Portanto, isso não é
asneira, não é lenda ou mentira. A vida é muito mítica e as
religiões trabalham diretamente com o mito. As ideias de Nossa
Senhora da Conceição como virgem, o mundo feito em seis dias e no
sétimo Deus descansou, não tem a ver com a verdade do ponto de
vista histórico. O mito não está interessado com a verdade, mas
interessado em entrar na experiência da vivência desse sagrado que
se chama mística. O que ocorre com o dogmatismo, que resultam nas
guerras religiosas, é que as pessoas se fixam na verdade histórica
de seus mitos e isso é uma coisa mais terrível que existe. Há
pessoas nas universidades que acreditam que teve uma arca de Noé,
isto é a coisa mais grotesca que se possa acreditar. Inclusive os
judeus daquela época não conheciam sequer uma dúzia de animais.
Nem em todos os navios do mundo se colocaria toda a biodiversidade. O
mundo criado em sete dias? O que é o número sete? O que é esse
deus dos céus, dos ventos, das tempestades? Como isso foi criado?
Por quem foi criado? Vê-se que isso é figuração, é historinha,
não interessa se foi assim no passado. O que interessa é a vivência
do sagrado que é a chamada mística. O único contexto em que as
religiões não brigam – onde um judeu deixa um árabe entrar na
sinagoga, um árabe deixa um judeu entrar na mesquita, um cristão
pode rezar aqui, o ateu se encontra em pé de igualdade com um
não-ateu – é o da mística. Quando se lê os místicos árabes,
budistas, mestre Eckehart, São João da Cruz, Tereza D' Ávila
encontra-se semelhança inacreditável, porque eles entraram no
caminho da iluminação do sentido último das coisas, no sagrado.
Neste ponto não tem uma discussão, caem todos os mitos, todos os
deuses, seja um deus monoteísta ou não e fica só a essência, como
diz o Novo Testamento, o que interessa é o espírito, a letra é
morta. Muita gente não consegue entender isso.11
Existem os conflitos por questões históricas de definição de
campos de poder, mas isto não é necessário. As próprias ciências
se contestam entre si. Ninguém pode pensar a ciência como se fosse
uma orquestra, com um regente e todos os instrumentos seguindo uma
mesma melodia. A ciência não é assim, mas é cada instrumento
tocando a sua melodia, esquecendo as dos demais. O campo científico
essa estruturado desse modo. No Brasil, um dos países de maior
projeção no mundo, é que essa discussão está embaraçada,
obstada. Nos Estados Unidos, em 2012, a instituição Maine life
promoveu um simpósio de estudos contemplativos em Denver. Estavam
presentes cientistas das várias partes do mundo e de várias áreas
das ciências como as neurociências, a medicina, a psicologia, as
ciências da educação, a física e a química. E todos, tratando de
uma forma respeitosa com os saberes que vem das tradições
contemplativas, entre elas o Budismo estava presente e que teve mais
influência por causa de Dalai-Lama. Isto é possível e está sendo
feito. Não significa que não haja atrito, pois existem várias
dificuldades.12
Isso se deve ao fato de que a academia ainda tem aquele ranço
racionalista-científico que é o modelo de ciência moderno vindo do
séc. XVI e XVII em diante, que é cartesiano-newtoniano, mais
racionalista, mecanicista, e que para poder sobreviver, se impor como
ciência e modificar o mundo teve que, de alguma forma, superar as
interdições, as proibições da religião cristã. Houve choque
desde a origem da ciência moderna até a ciência contemporânea.
Deve-se observar que o modelo das ciências humanas, sociais, a
antropologia, por exemplo, são diferentes das ciências “duras”
no caso da física. Hoje se fala muito da ligação da física
quântica com espiritualidade, como os de Marcelo Gleiser. Mas há
muito charlatanismo, o uso de espiritualidade e física quântica,
que não se configura nem como científico, nem como espiritual, mas
puro materialismo espiritual para ganhar dinheiro. A ciência, de
alguma forma, tem que iluminar os erros da espiritualidade ou da
religião. Por exemplo, a pessoa que acredita na arca de Noé ou que
o mundo foi feito em seis dias, ou que o homem caiu de paraquedas tem
só sete ou oito mil anos de aparecimento no planeta, isto se torna
algo da idade das trevas. Veja que a ciência é muito competente
para mostra que o mundo (a terra) tem 4,5 bilhões de anos. Hoje você
tem um arsenal científico que não há como negar. Por exemplo
quando se escreveu a Bíblia judaica e depois a cristã, o modelo de
ciência era completamente fragilizado, era mínimo. Eles não tinham
nem a ideia do que era o sol, a terra, nem micróbio, nem célula.
Por isso que tem que entender como historinha, mito e se ficar com o
sentido mais profundo, que é o da espiritualidade. Outro detalhe é
que a razão pode convencer, a razão convence, o mito – que
trabalha mais de uma forma emocional – e a religião arrastam o
sujeito para a morte, para se auto imolar. Então é uma força
descomunal, psicológica, profunda de um lado e de outro uma força
racional. Portanto, já se tem uma diferença muito forte e na
ciência se criou, entre os cientistas, o mito da ciência,
transforma-se em uma “religião” também. Observa-se que o mito,
a força mítico-emocional ou religiosa, está aí presente.13
A acupuntura, por exemplo, é hoje assumida como algo válido. Só
que os seus fundamentos não vem da medicina tradicional, como é
propagada e ensinada no Ocidente. Precisaria para isso alargar o
campo conceitual da própria medicina. Até a medicina tradicional do
Brasil que assumiu como uma das especialidades, não estaria disposta
a dar o passo, está disposta a aceitar os resultados, mas não a
fundamentação que produz esses resultados.14
Na visão cristã de que “é mais fácil um camelo passar pelo
buraco de uma agulha do que um rico ir para o céu”, ter-se-ia
muito a se dizer sobre isto. É interessante pensar o porque isto
acontece. Talvez seja porque eles estão interessados na
espiritualidade mais que outros. A questão da relação entre
espiritualidade e negócio evoca dois outros conceitos. O primeiro é
o de Teologia da Prosperidade. Vê-se em algumas tradições
religiosas evangélicas pentecostais e até neopentecostais, mais que
em outras. A Teologia da Prosperidade monta um franchising,
isto é um negócio. Os pastores brigam por espaço nos meios de
comunicação. Essa é uma tradição calvinista, isto é, quando se
é abençoado com o dinheiro é sinal de que se está no bom caminho
e se contribui mais, e se não contribui pode ir para o mal caminho.
A contribuição deve ser feita em pagamentos de carnês, e outros
meios, senão se é excluído. Isso é terrível. Tem o banco do
Vaticano no catolicismo, encontrados em vários lugares. O outro
conceito é o de Materialismo Espiritual. O materialismo das
coisas é quando se quer possuir coisas e o materialismo espiritual é
espiritualizar no sentido de dizer que “sou salvo”, ou “sou
santo”, ou “sou iluminado”. Isto é algo egótico, neurótico,
quando alguém quer se colocar acima das miserabilidades humanas, da
dor humana, acima dos outros, criando um gueto. Esse materialismo
espiritual é elitista. No Filme O Segredo, o
materialismo espiritual é demonstrado de forma absurdamente
escandalosa. Nele é retratado uma mística no sentido ruim do termo,
no qual quando se acredita que vai ganhar o primeiro milhão, se
ganha. É o sentido de se pensar quanticamente para mudar o mundo ao
seu redor e para isto vai enriquecer para ser melhor e livre das
dores do mundo. Se o mundo está ruim, está mal é porque você está
pensando mal, não tem justiça política. Então isso é terrível
para a política, pois acaba com ela.15
No nosso mundo nada funciona sem o dinheiro, tudo precisa que o
dinheiro circule. A questão é, qual é a forma digna de se fazer e
que traga o mínimo de sofrimento aos seres, ou o maior benefício
possível para que as iniciativas sejam realizadas? Pode-se ver
algumas iniciativas como a do indiano que criou um banco popular para
financiamentos. Acredito que essa iniciativa é inspirada pela
espiritualidade. A pessoa que tem a visão do âmbito dos negócios,
mas sabe que aquilo tem que chegar a um maior número possível de
pessoas. Ela, então, imagina um meio mais hábil e mais adequado
para que isso seja possível. Estrutura um meio viável e assim o
realiza. Pode-se afirmar que isto seja apenas um ato econômico, mas
não foi. Tem uma inspiração muito sutil e valiosa, por trás,
fazendo isso. Quer dizer que as religiões em geral, do modo como
elas estão organizadas, se quando elas pensam no modo que tem para
alcançar metas que são genuinamente espirituais, sem dúvida ela
terão que ter alguma sustentação baseada nos negócios para que
isso seja sustentável. A forma é de se perguntar sempre, a que isto
se destina? A quem está beneficiando? E por último acredita-se que
isso é um critério de visualizar essa relação de espiritualidade
e negócio e por fim um outro critério também é a questão do
sofrimento humano. É preciso acabar com essa espiritualidade do
super-herói. Jesus, que é uma figura paradigmática para nós
ocidentais, tem como sua principal simbologia a cruz. Um Deus que
morre e parece que é derrotado pelas circunstâncias exteriores. A
espiritualidade que não assume o sofrimento humano e não se prepara
para que isso seja possível, não aceita a sua possibilidade, já é
uma espiritualidade falha e falsa. Não devemos cultivar a
espiritualidade para sermos super-heróis, muito bem sucedidos, mas
para servirmos ao mundo. Algumas formas de servir o mundo leva ao
sofrimento.16
Considerando o sentido mais puro da palavra política, que é a
cidadania – Polis = cidade – que é o bem comum,
certamente a espiritualidade pode contribuir muito. As Cebs que foram
desenvolvidas no Brasil, desde os anos 70, são uma coisa muito
linda, muito bonita e com uma mística. A mística do movimento
sem-terra de buscar a justiça, a repartição da terra, de um mundo
mais justo e a mística dos movimentos sociais. Essa mística de
mudança está na ideia de messianismo e tem um conceito de que um
mundo melhor se faz e vem. Messiânico tem esse significado, por
outro lado há um risco enorme nessa área também, porque existem
estados inteiros não só de pessoas, mas de fundamentalistas. Aí
retoma-se a questão da religião enquanto instituída. Estados, onde
quem manda são os religiosos. Essas dimensões tem que ser
consideradas. No Brasil há a ascendência de bancadas cristãs na
Câmara Federal. Esta situação pode mudar muito a configuração
política, conforme o que essas pessoas pensarem. O que pode ocorrer
em termos sociedade? É uma área perigosa, mas ao mesmo tempo
necessária. Observa-se que as pessoas que tem a formação, uma
espiritualidade, uma capacidade pro amor e a generosidade, os valores
que a espiritualidade traz contribuem, o que é muito bom. Um
empresário com esse entendimento, o que não faria em termos de um
capital social de uma visão socializante ou um político com um
visão dessas, talvez não roubasse. Membros do PT durante um tempo
tinham uma visão mística de mudar o mundo mesmo. Não era por
dinheiro, nem por nada, mas muito disso se perdeu. Estamos numa crise
contemporânea e isto aumenta muito a busca pela espiritualidade,
tanto para o bem e quanto para o mal. Pode-se chegar a um dogmatismo
mais tacanho, violento, contra os direitos das pessoas, a liberdade
ou o inverso disso. Vê-se a espiritualidade crescendo, diálogos
inter-religiosos, as pessoas abrindo a sua mente e vendo que a união
é necessária para fazer algo, senão tudo se perde. Isso está
acontecendo neste momento.17
No quadro histórico em que nos encontramos, a democracia é um
regime histórico. Acredita-se que a defesa dos meios democráticos
de governo é uma atitude da espiritualidade. Mesmo dentro da
democracia não se pode idealizar nada, quando nos referimos ao
momento histórico em que se encontra o ser humano. Essa conexão é
melhor sendo feita do ponto de vista da espiritualidade da política
e não exatamente da religião e da política, porque é a questão
do posicionamento diante das medidas de circunstâncias que demandam
realmente uma afirmação. Um exemplo: Quais os motivos que levam a
um parlamentar no Congresso Nacional a votar sim ou não numa
determinada matéria? Se ele está movido intrinsecamente por uma
convicção, por um princípio que seja o melhor para a população.
Isso de fato é fundamental. Infelizmente sabe-se que muitos
parlamentares, e não generalizando, pois não é a maioria, não
votam exatamente por esses motivos. Isto quer dizer, mesmo numa
democracia, exercer a política com dignidade, com respeito, com
legitimidade, pressupõe uma certa segurança, uma certa fortaleza
espiritual, porque as pressões dos lobs dos governos e às
vezes também, os movimentos sociais, porque nem sempre os movimentos
sociais querem coisa justa, mas podem querer coisa injusta para
oprimir um outro segmento social. É preciso que haja pessoas que
estejam bastante convictas, muito firmes interiormente para defender
a sua posição de forma legítima e justa. Isso é um ato espiritual
na política.18
A espiritualidade na vida cotidiana requer cultivo do seu estado
interior, por exemplo pelo silêncio: observar, tomar consciência de
si, de como se relaciona com o mundo, o outro, o que faz da vida,
como compreender o mundo, as coisas, como olho para o outro, a outra
religião, a natureza, os animais, como me alimento, como tenho
simplicidade, generosidade, os valores mais fundamentais da vida. A
espiritualidade é isso, é o fundamento da minha relação com o
mundo, neste sentido é a fome do outro e a fome que o outro tem.19
Olhar para si, reconhecer os seus lados sombrios, buscar conectar-se
consigo mesmo em primeiro lugar, depois com os demais à sua volta.
Inspirar-se para ter uma vida valiosa, para trazer as coisas boas do
mundo, que já tem muitas coisas ruins, ou pelo menos para que não
se gere mais sofrimento, mais coisas ruins. Se possível fazer alguma
coisa positiva e viver desse modo. Se uma pessoa procura pautar sua
vida, no seu cotidiano, nas coisas pequenas, desde tomar um copo
d'água e oferecê-lo ao outro, até a vida profissional. Essa é uma
forma possível de viver a espiritualidade.20
Referência
ESPIRITUALIDADE:
Opinião Pernambuco.
Entrevista com José Policarpo Júnior e Marcelo Pelizzoli. Direção:
Andreia Rocha; Haymone Neto. Produção: Andreia Rocha; Bruna
Aldabalde; Camila Barreto; Cleyton Silva; Haymone Neto. Recife: TVU –
TV Universitária, 2013. 54'07''. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=pIhLdHF7gM0>, Acesso em: 11 nov
2014.
Notas:
Notas:
1POLICARPO
JÚNIOR, José. Espiritualidade. In: ESPIRITUALIDADE: Opinião
Pernambuco. Entrevista com José Policarpo Júnior e Marcelo
Pelizzoli. Direção: Andreia Rocha; Haymone Neto. Produção:
Andreia Rocha; Bruna Aldabalde; Camila Barreto; Cleyton Silva;
Haymone Neto. Recife: TVU – TV Universitária, 2013. 54'07''.
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=pIhLdHF7gM0>,
Acesso em: 11 nov 2014.
2PELIZZOLI,
Marcelo. Espiritualidade. In: ESPIRITUALIDADE: Opinião Pernambuco.
Entrevista com José Policarpo Júnior e Marcelo Pelizzoli. Direção:
Andreia Rocha; Haymone Neto. Produção: Andreia Rocha; Bruna
Aldabalde; Camila Barreto; Cleyton Silva; Haymone Neto. Recife: TVU
– TV Universitária, 2013. 54'07''. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=pIhLdHF7gM0>, Acesso em: 11
nov 2014.
3POLICARPO
JÚNIOR. op. cit., 2014.
4PELIZZOLI,
Marcelo. op. cit., 2014.
5POLICARPO
JÚNIOR, José. op. cit., 2014.
6PELIZZOLI,
Marcelo. op. cit., 2014.
7POLICARPO
JÚNIOR, José. op. cit., 2014.
8Esta
é uma representação de Jesus construída pelos europeus, visto
que o que se sabe é que seria impossível Jesus ter esta aparência.
A aparência de um judeu de sua época e situação geográfica …..
9PELIZZOLI,
Marcelo. op. cit., 2014.
10POLICARPO
JÚNIOR, op. cit., 2014.
11PELIZZOLI,
op. cit., 2014.
12POLICARPO
JÚNIOR, op. cit., 2014.
13PELIZZOLI,
op. cit., 2014.
14POLICARPO
JÚNIOR, op. cit., 2014.
15PELIZZOLI,
op. cit., 2014.
16POLICARPO
JÚNIOR, op. cit., 2014.
17PELIZZOLI,
op. cit., 2014.
18POLICARPO
JÚNIOR, op. cit., 2014.
19PELIZZOLI,
op. cit., 2014.
20POLICARPO
JÚNIOR, op. cit., 2014.
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
Formação dezembro 2014 - Avisos
Avisamos que o último encontro da formação do ensino religioso será realizado:
Aviso: Alertamos que as postagens enviadas para o blog só será aceita até o dia 08 de dezembro de 2014, inclusive a atividade que será pedida no encontro do dia 04/12.
Coordenação ER.
- Quinta-feira - Dia 04/12/2014
- Local - Auditório da Sede de Secretaria de Educação/antigo CEIA
- Horário-08h às 12h.
- Assunto: Espiritualidade
Aviso: Alertamos que as postagens enviadas para o blog só será aceita até o dia 08 de dezembro de 2014, inclusive a atividade que será pedida no encontro do dia 04/12.
Coordenação ER.
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