O grande místico islâmico Farid ud-Din Attar (Séc.
XII), relaciona a busca espiritual com a envolvente trajetória dos
pássaros em busca do Simorg, o rei dos pássaros, que habita um
lugar inacessível. Embora o Simorg esteja sempre próximo dos
pássaros, eles encontram-se distantes dele.
Os pássaros exitam em assumir a caminhada, mas depois
de incentivados pela poupa, a guia mestra, seguem pelo difícil
trajeto de superação dos sete vales (da busca, do amor, do
conhecimento, da independência, da unidade, da estupefação e da
pobreza).
Dos milhares de pássaros que seguiram o caminho, apenas
trinta, chegaram com dificuldades à meta. Estavam envelhecidos sem
pluma e sem asas, abatidos e com o corpo no estado mais deplorável.
Os outros se perderam no trajeto, torturados pela sede,
pelo fogo do sol e pela fadiga. Aqueles que conseguiram aproximar-se
do lugar sublime tão desejado ainda permaneciam marcados pelas
limitações: a longa viagem deixou marcas de cansaço, perplexidade
e confusão.
Ao se apresentarem diante do nobre arauto da majestade suprema com gemidos e lamentos e com o coração ainda perturbado, ficaram estupefatos diante de sua recusa em recebê-los, pois para ele ainda não estavam preparados para atravessar a porta do grande rei. Mas em seguida veio a iluminação que os inflamou de amor, de forma semelhante à mariposa que, embriagada de paixão, lança-se à chama da vela e se consome.
Ao se perceberem totalmente em paz e destacados de todas as coisas, puderam captar no reflexo de cada presença do Simorg. Uma nova vida começa para eles: O sol da proximidade dardejou seus raios sobre eles, e suas almas tornaram-se resplandescentes. Então, no reflexo de seu rosto, os trinta pássaros (si morg) mundanos contemplaram a face do Simorg espiritual.1
1TEIXEIRA,
Faustino. O potencial libertador da espiritualidade e da experiência
religiosa. In: AMATUZZI, Mauro Martins. (Org.). Psicologia e
espiritualidade, São Paulo: Paulus, 2005, p. 19-21.
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