Aqui temos a primeira parte dos textos referentes ao Eixo 2. Veja também os textos do referencial curricular:
EIXO
2: Ritos
1
Rituais:
A acolhida de um
indivíduo numa religião institucional é feita através de um rito
de entrada. Para isso é necessário uma preparação ao iniciado com
informações necessárias para a realização correta e completa da
realização de todos os rituais. Existem outros ritos que servem
para celebração, agradecimento, oferta, veneração e adoração.
Nesse sentido os rituais se constituem de um conjunto de realizações
para o encontro com o sagrado. De forma mais amplo os rituais podem
servir para se chegar ao Transcendente.
Um rito é uma ação
ou o conjunto de ações realizadas nos cultos ou celebrações
realizadas pelas diversas religiosidades, seja ela institucional ou
não. É através do rito que a religiosidade se manifesta, isto é,
ela aparece para o seguidor. O rito proporciona a união do ser
humano a si, ao outro e ao Grande Outro. Os ritos das tradições
religiosas exercem a função de alimentar a vida espiritual dos seus
adeptos. É no conjunto de ritos que se aprende as doutrinas, o
conhecimento da religião, as normas de convivência e os mistérios
da vida.
Os rituais fornecem
elementos para aquisição da prática religiosa. Os humanos
reconhecem nos rituais o sagrado e o totalmente outro. Através de
suas crenças é reconhecida a existência da realidade que
transcende o mundo. Há o reconhecimento comunitário que reúne as
pessoas para realizarem os seus cultos. O próprio culto é uma
manifestação religiosa constituída de diversos ritos que podem
incluir a leitura de textos sagrados, oferendas, a indicação de
mistérios, pregações, cantos, danças, reverências e adorações.
Nos ritos são
resgatados os modelos de comportamento, o papel de cada fiel na
comunidade e as hierarquias das crenças religiosas. Neles existem
uma interação do mundo sagrado e do mundo profano. O sagrado se
sobrepõe ao profano e nele se revela. Os ritos e os cultos possuem
os objetivos de demonstrar a dependência em relação ao
sobrenatural, que pode ser positiva e benéfica ou negativa e
maléfica, de acalmar as potências invisíveis e de indicar os
espaços sagrados e profanos. Esses espaços podem estar na natureza
ou separado dela. No entender de Luiz Alberto Alves “o espaço da
vida comum separa-se do espaço sagrado: neste vivem os deuses, são
feitas cerimônias e de culto, são trazidas oferendas e feitas
preces com pedidos às divindades no espaço da vida comum transcorre
a vida profana dos homens.”1
1.1
Rituais das Religiões Afro-brasileiras
As manifestações religiosas Afro-brasileira tiveram sua origem no
Brasil com sua base trazida da África. Os elementos religiosos
africanos deram origem ao Candomblé (Bahia), O Xangô (Recife),
Xambá (Nordeste), Tambor de Minas (Maranhão), Omoloco (Rio de
Janeiro), Batuque (Rio Grande do Sul) e junto ao sincretismo do
catolicismo popular e o espiritismo surgiu a Umbanda.
As religiosidades africanas foram trazidas para o Brasil de maneira
forçada, pelas mãos da escravidão. Em terras estrangeiras as
divindades africanas dialogaram com as divindades indígenas,
inclusive fazendo muitas concessões. Houve então uma mistura de
elementos da pajelança com os catimbós. As tradições africanas,
como a bantu, ioruba elaboraram uma síntese bem original
representada pelo Candomblé. Os Orixás, enquanto divindades que
permaneceram, tiveram que se esconder por atrás dos nomes e estátuas
dos santos católicos.
O nome dos Orixás sobreviveram à imposição dos nomes cristãos. É
o nome que resume a história pessoal e grupal contidas nos mitos,
lendas e contos. Os antepassados representam a fonte onde são
mediados pelo Orixás. Eles são considerados pessoas-símbolos que
representam os ideais e os valores do grupo. O reconhecimento do
valor da vida é uma das condições das religiões Afro-brasileiras.
Há uma comunhão das relações entre a globalidade, a política, a
cultura e amor. O ato de ter filhos é um culto a Olorum (Deus). Os
rituais afros encaram a vida com base nas relações entre os
humanos, a natureza e os demais seres. O ser humano é o centro e o
ponto de passagem entre o visível e o invisível. A ofensa a Deus à
Natureza e ao próximo não podem ficar sem retorno. A partilha, a
solidariedade e o respeito são fundamentais para a sobrevivência
espiritual e material do nosso povo negro. Esta obrigação de
comunhão é a atitude que melhor expressa a realização dos seus
cultos.
Os ritos Afro-brasileiros dependem da tradição oral enquanto
conservam todos os conhecimentos guardados em sua cultura. Eles podem
ser os batuques de funda-de-quintal, os pagodes e as escolas de samba
desconhecidas. Existem os diálogos nos ritos, realizados pelos pais
e mães de santo. Eles representam a figura do ancião que é a
referência dos conhecimentos da tradição, necessários para da
vida do grupo.
Há nas religiões Afro-brasileiras uma série de objetos que são
usadas nos cultos. Tais objetos como altares com imagens representado
os Orixás e santos, locais de sacrifício dos animais representando
um Orixá específico. Os cultos Afro-brasileiros são realizados
para agradecer e festejar junto aos Orixás. Os Orixás são as
entidades que guiam a vida dos crentes. Eles são as energias que
realizam as coisas boas para os seguidores. Cada pessoa possui um
Orixá do qual depende e recebe as energias. O local dos cultos é
chamado de Terreiro e neles os rituais são realizados.
Muitas vezes os rituais afro-brasileiros do Vudu, do Candomblé e da
Umbanda são associados a rituais de magia negra. Esse erro acontece
por ignorância, pois a magia negra, na atualidade, existe somente
nos Estados Unidos. Não é de hoje que as religiões Afro são
consideradas coisas ruins e perversas. A religião dos negros não
mata gente. Os Nagô e Bantu da África, povos que legaram
descendência à religiosidade negro-brasileira sacrificam animais
para o espírito da natureza. A morte de gente em rituais foi vista
apenas nos antepassados de olhos azuis lá na Europa, e os nossos
antepassados astecas na América. Os negros africanos foram trazidos
como escravos para morrer de trabalhar nas Américas e ainda são
acusados de possuírem uma cultura assassina. 2
1.2
Rituais das Religiões indígenas
As religiões indígenas são as que possuem a maior diversidade no
Brasil. A principal característica da realização dos cultos
indígenas são o que chamam de Pajelança. Seus objetivos são muito
variados, servem para proteger a tribo e a aldeia, ou para devolver a
saúde do doente. Podem ainda ser feita para pedir a chuva, a boa
colheita e a caça.
No começo da colonização brasileira, no século XVI, os indígenas
já tinham sua cultura, seu modo de vida e suas manifestações
religiosas. O fato é que não existia o reconhecimento, por parte
dos portugueses, de nenhuma dessas formas de organização dos
indígenas. Os colonizadores entendiam o mundo fundada no
cristianismo ocidental tradicional católico, com regras fundadas no
pensamento medieval. O que caracterizava a religiosidade indígena
era o reconhecimento dos espíritos que podiam vir para realizar
coisas boas para a tribo ou trazer feitiços. A figura do Pajé
representa a autoridade espiritual da aldeia, o que tem capacidade de
entrar em contato os espíritos para trazer bonanças.
O mundo indígena representava, para os portugueses, um atraso do
progresso pensado pelo mundo ocidental europeu. O fato de estarem nus
dava a sensação de viverem num mundo sem moralidade e sem regras. O
que dava a sustentação para a vivência dos povos indígenas eram
os mitos e os seus conhecimentos tradicionais.
Na cosmologia de um povo Guarani, chamado Kaiová, uma cruz que
sustentará a terra no cataclismo final. Há uma cruz numa mão do
pajé e na outra faz soar o maracá. Mesmo que supostamente
convertidos ao cristianismo, esse povo revela resistência, tradição
e memória na realização dos seus rituais. Ergon Shaden disse que
“toda a vida mental do Guarani converge para o além”.3
Esta é uma referência à facilidade que eles tinham de aceitar a
conversão dos missionários jesuítas. O que na realidade era uma
espécie de adaptação do cristianismo às suas manifestações
religiosas.
Os índios Guarani entendem que a terra possui características
humanas, ela sente, se alarga, se estende, vê, fala, ouve, sente e é
enfeitada, possui vida. Eles não veem a terra como propriedade de
alguém, mas eles pertencem à terra. Os rituais realizados indicam
isto. No cultivo do milho, feitas em roçados coletivos, a vida
comunitária gira em torno do ciclo do milho. São feitos mutirões
que culminam com a festa e a dança. Neste sentido o trabalho do
cultivo do milho é visto como uma festa rica de ritual e simbolismo
e não como um castigo.4
Para os Macuxi de Roraima, para quem a terra é a mãe, existe um
ritual chamado de Parichara. O começo é a plantação de mandioca
em forma de mutirão, com a qual fazem o caxiri e no fim a realização
da festa, que é a realização do agradecimento aos espíritos pela
boa colheita. São feitas danças e em ritmo festivo toma-se o
caxiri. Os Macuxi ainda possuem pedidos que fazem aos espíritos para
que realize uma boa caça, ritual feito pelo rezador. Entendem que
esses espíritos são os donos da caça, do rio e outras coisas da
natureza e que é necessário lhes pedir licença para caçar, tomar
banho e comer os alimentos.
1.3
Rituais do Budismos
Os rituais do Budismo se organizam em torno da figura de Sidarta
Gautama, e é reverenciado como o Buda ou o desperto. O Buda não é
considerado Deus ou sobrenatural, mas um homem que deu resposta para
os dilemas profundos dos dramas humanos. Há uma variedade muito
grande de práticas e crenças, nas quais possuem seus fundamentos no
reconhecimento da samsara – ciclo de nascimento, morte e
renascimento ou reencarnação – e dos períodos de estudos,
auto-mortificações, meditações para alcançar a iluminação. A
sua doutrina está organizada nas quatro nobres verdades e no Caminho
Óctuplo. Os componentes do Óctuplo são: compreensão correta,
pensamento correto, fala correta, conduta correta, esforço correto,
contemplação correta e concentração correta.
Entre as práticas do Budismo incluem ainda os cinco preceitos –
não matar, não roubar, não ter má conduta sexual, não mentir,
não ingerir álcool – a oferenda de alimento aos monges, celebrar
os ritos de passagem, comemorar o aniversário do Buda ou dos
“santos” budistas e a peregrinação.
Existe a noção de que a disciplina moral e espiritual poderia
resolver o problema da morte. As más ações devem ser evitadas e se
alguém o fizer passará por um dos estágios do inferno para
erradicar suas faltas. Aqueles que evitam más ações, através da
devoção ou doação aos monges alcançam méritos e conseguem
nascimento melhor. A quebra da sucessão de renascimentos, é para
Sidarta, o Nirvana, que é considerada a libertação. O Nirvana só
é alcançado quando se evita a ignorância e o desejo e acontece o
fim do processo de reencarnações, o que ocorreu com Sidarta. A
trilha para o caminho do Nirvana são a renúncia dos prazeres, a
prática da meditação e a conduta moral correta.
Por instrução de Buda, aconteceu a veneração dos seus restos
mortais que foi cremado e teve as cinzas depositas em relicários
funerários ou estupas. A veneração destes restos mortais deu
origem à tradição budista de adoração que é direcionada a
relíquias, objetos, imagens e locais santificados que estão
associados à vida de Buda. Um dos rituais relacionados a essas
relíquias é caminhar em círculo em torno da estupa para
orientar-se firmemente em torno do cosmos.
Os funerais budistas visam a guiar o morto para que ele tenha
nascimento melhor. Os funerais Tibetanos vão além e visam assegurar
a libertação do Samsara,
além de preparar para aceitação da perda e prepara para a passagem
desta vida.
O fundamental na prática do Budismo é “encontrar a serenidade num
mundo de sofrimento e mudança”.5
As práticas religiosas visam a encontrar o caminho do meio para se
evitar atitudes extremadas e tem a função de evitar o sofrimento
para chegar ao nirvana. Há três princípios que expressam o
nirvana: conduta ética, disciplina mental e conhecimento do eu e do
mundo.
Na tradição budista há várias formas de se praticar a
concentração mental exigido pela disciplina mental. Uma técnica “é
sentar-se em posição estável, com as costas retas e as pernas
cruzadas, e cultivar a 'plena atenção' à respiração”.6
Esta técnica tem como objetivo acalmar a mente, eliminar emoções
maléficas e ficar atento à realidade do eu e do mundo. Outra forma
de meditação é a forma de culto em que se dá atenção a imagens
mentais de Budas que estão em Templos e locais considerados sagrados
para os seus seguidores.
1.4
Rituais do Cristianismo (católicos e evangélicos)
Os cristãos possuem seus cultos com base nos evangelhos escritos
pelos seguidores de Jesus de Nazaré a partir do século I. Os
discípulos, pequeno grupo de seguidores, acreditavam que era o
Cristo ou Messias, redentor divino da humanidade que morreu e havia
ressuscitado. A base do culto cristão é a crença da ressurreição
de Cristo e a fé em um único Deus. Nos primeiros séculos os
cristãos eram perseguidos por suas opções religiosas. Além disto
foram incluídas em suas crenças todo o Primeiro Testamento que era
seguido pelos Judeus da época.
Consideram-se vitais para o culto dos cristãos a vivência em
comunhão, a fraternidade e a imitação de Jesus Cristo. Os
acontecimentos referentes à vida de Jesus, suas pregações bem como
a morte e a ressurreição foram escritos nos Evangelhos de Mateus,
Marcos, Lucas e João – chamado de Segundo Testamento. O anúncio
da ressurreição de Jesus pelos seus discípulos e do cumprimento
das promessas de Deus em relação à chegada do messias anunciadas
no Primeiro Testamento tiveram grande repercussão.
Alguns ritos religiosos dos cristãos possuem como base o Judaísmo –
a Páscoa e , que foram adaptados às diversas realidades vivenciais
de diferentes povos. A celebração da eucaristia era um rito
familiar realizado pelos primeiros cristãos em locais muito
escondidos nos primeiros séculos do cristianismo.
O culto do catolicismo é litúrgico, isto é, cerimônias realizada
nas igrejas, e tem suas orientações a partir de sete sacramentos –
batismo, eucaristia, crisma, penitência, ordenação sacerdotal e
extrema unção. O culto dos santos é uma prática devocional
originada da forma simples como o povo manifestava sua religiosidade.
Os santos são homens e mulheres que viveram em extrema virtude ou
morreram como mártires que deram testemunho de vida e exemplo de
ideais religiosos e morais. A veneração envolve a reverência, a
tentativa de imitar a espiritualidade e as práticas de devoção.
Essas práticas incluem ofertas, invocações, promessas e pedido de
curas e milagres. O culto oficial da Igreja Católica é a missa,
onde há uma sequência de ritos com orações, pedidos de perdão,
leituras bíblicas e a consagração da eucaristia, onde se considera
a presença de Jesus Cristo no pão (hóstia) e no vinho. Quando da
ausência de um sacerdote, os católicos admitem a realização do
culto com a celebração da palavra lideradas por pessoas leigas. As
procissões, espécie de caminhada com orações, são bastante
populares, nas quais são realizados ritos muito diversificados, em
geral com celebrações diversas em homenagem aos santos, santas e a
Jesus Cristo.
O Protestantismo possui visões diferentes em relação aos seus
cultos. O mais fundamental para os protestantes é a autoridade
suprema da Bíblia. Há o reconhecimento de dois sacramentos – o
batismo e a eucaristia – que são considerados simbólicos. O
princípio do protestantismo foi trazer a Bíblia para a compreensão
das pessoas. Para isso Marinho Lutero (1483-1543) traduziu a Bíblia
para o alemão e considerava a palavra de Deus única senhora da
igreja. Para ele somente as escrituras possuem a autoridade para
encaminhar a vida do cristão, tirando a ideia de mediadores
sacerdotes ou santos, como acontece na Igreja Católica, afirmando
ser Cristo o único mediador. Lutero considera que não havia
necessidade de atos piedosos (ações) para alcançar a salvação da
alma, mas somente a graça de Deus e a fé. Surge uma nova forma de
igreja que influencia os cultos evangélicos. A comunidade de crentes
passa a ser considerada nos cultos diferentes pompas realizadas pelos
católicos. Os cantos, no Protestantismo, são cantados pela
comunidade. Uma das características dessa igreja era o rito da
confirmação e do fortalecimento da fé. Jovens de ambos os sexos
são acolhidos pela comunidade. “Depois da profissão de fé, com a
oração e com a imposição das mãos, eles se tornam membros
adultos da comunidade, com todos os direitos e deveres. Só então é
que são admitidos à ceia eucarística.”7
Muitas Igrejas Evangélicas realizam seus ritos e cultos com essas
características. Estima-se que existam no mundo mais de 400
denominações religiosas cristãs com uma grande variedade de
interpretações da Bíblia e formas de rituais diferentes, ainda que
com aspectos semelhantes ao pensado por Lutero. O foco principal dos
cultos evangélicos é a pregação da palavra centrada na Bíblia e
na eucaristia.
1.5
Rituais do Islamismo (muçulmanos)
O Islamismo é uma religião e forma de vida de origem árabe, que
surge na cidade de Meca no século VII d.C. Segundo a tradição
Maomé (Muhammad) é visto como o profeta e mensageiro de Deus
(Alá) e recebeu diretamente de Deus a revelação que está descrita
no Alcorão. Mesmo sendo de tradição árabe a maioria dos
muçulmanos não deste país, mas a Indonésia, o Paquistão, o
Bangladesh e a Índia. Islã é uma palavra árabe que significa
submissão, no sentido de obediência em mente e espírito à vontade
de Deus, é uma atitude interior de obediência a Deus, submissão à
sua vontade às consequências de sua vontade que é a paz.
Há o reconhecimento dos muçulmanos que Abraão seja o fundador da
sua fé, reconhecem ainda outros profetas do judaísmo e ainda Jesus
do cristianismo. Mas o último e definitivo profeta é Maomé, a quem
eles realizam rituais de comemorações de seu nascimento. Os seus
seguidores também são considerados como autoridades, pois tiveram
contato com o profeta. Por perseguição aos seus seguidores, Maomé
teve que viajar em peregrinação da cidade de Meca para Medina. Essa
viagem é conhecida com o nome de Hégira.
Maomé tem a função de profeta de Alá e não é representado como
uma figura divina, como é a figura de Jesus para os cristãos. Para
os muçulmanos Deus foi o autor do Alcorão e intermediado pelo anjo
Gabriel, para que Maomé o escrevesse. Maomé é quem testemunhou, na
forma de revelação direta o que está escrito no Alcorão.
Para o Islamismo as orações são realizadas em mesquitas,
construções quadradas com o pátio aberto e uma torre. Os fiéis
são chamados cinco vezes ao dia para a oração (Salat).
Antes de rezar o fiel lava as mãos, antebraços, as pernas abaixo do
joelho, o rosto, a boca e o nariz. Para isto a Mesquita tem um tanque
de água onde são feitas essas abluções (espécie de banho). Há
uma área para as orações, um púlpito para as pregações, e um
local onde está indicada a direção de Meca, considerada para o
Islã a cidade santa.
No começo os muçulmanos rezavam voltados para Jerusalém, mas
depois passaram a rezar em direção ao Santuário sagrado de Meca.
Ao entrarem na Mesquita os homens tiram os sapatos e as mulheres
cobrem a cabeça. As orações são feitas com uma postura do corpo
de joelhos no chão e a cabeça abaixada (prostração), levantam as
mãos e gritam Allahu Akbar (Alá e Grande). Colocando a mão
direita sobre esquerda eles recitam o capítulo de abertura do
Alcorão. Existem outras posturas como a prostração completa e
sentar com as pernas cruzadas. Para cada posição pronunciam
palavras como al-tashahud (testemunho), fazendo referência ao
testemunho de Maomé como apóstolo de Alá.
Nas mesquitas são escritos textos decorados com palavras do Alcorão,
mas não são permitidos imagens ou símbolos visíveis de Deus. Há
um plano matemático nas mesquitas que representa a ordem e o plano
do universo.
1.6
Judaísmo
O Judaísmo enquanto religião monoteísta faziam o culto à um Ser
maior que todos os deuses. Os três pilares do judaísmo são: Deus,
a Torá e Israel. O culto ao Deus universal, eterno e criador do
universo toma como base a aliança feita com os judeus. A esse Deus é
atribuída a função de luz das nações. Ele é um Deus de todo o
mundo, onipresente e onisciente, uma realidade indivisível,
invisível e transcendente, fonte de toda ética e moral. A relação
entre Israel e Deus é expressa na oração, Shemá, que é
uma profissão de fé judaica.8
Deus também limitou a sua ação direta sobre assuntos humanos com o
objetivo de lhe dar liberdade. Esse Deus não pode ser demonstrado
através da linguagem, mas pela sua atividade que são a justiça e a
misericórdia. Evitam que se fale o seu nome e o consideram sagrado
demais para ser dito. Então usam os temos “meu Senhor” e o Nome.
Com exceção nas orações em que o seu nome pode ser pronunciado.
Não existe nenhuma forma de representação desse Deus, seja de
forma humana ou de animal ou qualquer outro tipo de manifestação.
Os judeus deixam isto evidente, pois para eles o seu Deus é
invisível e está além da compreensão humana.
A Torá é o escrito que contém os ensinamentos divinos, os
mandamentos e os rituais que influenciam os comportamentos e a ética
dos judeus. A memória dos judeus se remente à promessa da terra
feita por Deus a Abraão e seus descendentes e a aliança feita no
Monte Sinai.
Mesmo com a morte do rei Salomão o reino se dividem em Israel
(norte) e Judá (sul) e com a destruição do Templo pelos Babilônios
(586 a.C.) os judeus mantiveram a sua religião. Tanto no exílio, na
diáspora (judeus que vivem fora de seu país de origem) ou nas mais
diversas adversidades vividas por eles, nunca houve o abandono de
suas manifestações religiosas. O domínio da Babilônia era
considerado como punição de Deus aos judeus. Essa noção
influenciou os rituais judaicos.
Com o domínio dos Romanos (66 a.C.) sobre a região da Palestina, em
70 d.C. o Templo e a cidade de Jerusalém foram destruídos. Restando
apenas o muro das lamentações, uma parte do antigo muro do Templo,
em que os Judeus consideram o lugar mais sagrado da terra. Eles rezam
e depositam súplicas e desejos dos fiéis.
Sem Templo e sem o local adequado para a sua construção, os judeus
criam as sinagogas, que são locais de oração dos fiéis. Eles
então substituem a prática do sacrifício, possível somente no
Templo, pela leitura dos textos sagrados. No lugar do antigo
Sacerdote fica o Rabino, que é o mestre do pensamento de doutor da
lei.9
No início do primeiro século os fariseus democratizaram as escolas
judaicas. Isso permitiu que os Rabinos tivessem seu aprendizado na
prática e se desenvolvesse a crença na vida após a morte, fazendo
os judeus aceitarem o difícil destino de seu povo neste mundo. No
século XVI houve uma volta ao misticismo e à especulação
messiânica devido às hostilidades vividas pelos judeus. No século
XX sofreram pelo holocausto imposto pelo nazismo alemão, mas foi
após a segunda guerra mundial, em 1948, que os judeus puderam
identificar a sua cultura a um lugar, à terra prometida, como
descrita nos ensinamentos bíblicos da Torá.
1BOHNE,
Vicente V. E. (Coord.). Ensino Religioso – Capacitação para um
novo milênio: O fenômeno religioso no ensino religioso, Caderno 4,
FONAPER, 2000, p. 25.
2ARAGÃO,
Gilbraz. Cuidado com a magia negra. Disponível em:
<http://crunicap.blogspot.com.br/search?q=ritual>, Acesso em:
08 maio 2013.
3SHADEN
apud FAUSTO, Carlos. Se Deus fosse Jaguar: canibalismo e
cristianismo entre os Guarani (Séculos XVI-XX), MANA 11(2):385-418,
2005, p. 386.
4COSTA,
Eber Borges da. Tapeporã – Caminho Bom: análise da prática
missionária de Scilla Franco entre os índios Kaiowá e Terena no
Mato Grosso do Sul – 1972 a 1979. Dissertação (Mestrado). São
Bernardo do Campo: Programa de Pós-graduação em Ciências da
Religião da Universidade Metodista de São Paulo, 2011.
5COOGAN,
Michael D. Religiões, São Paulo: Publifolha, 2007, p. 167.
6COOGAN,
Michael D. op. cit., 2007, p. 185.
7KÜNG,
Hans. Religiões do Mundo: em busca de pontos comuns. Campinas:
Verus editora, 2004, p. 240.
8EHRLICH,
Carl S. Conhecendo o Judaísmo: origens, crenças, práticas, textos
sagrados, lugares sagrados. Petrópolis: Vozes, 2010.
9VALLET,
Odon. Uma outra história das religiões, São Paulo: Globo, 2002.
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