terça-feira, 11 de junho de 2013

Texto base do referencial - Eixo 2


Aqui temos a primeira parte dos textos referentes ao Eixo 2.  Veja também os textos do referencial curricular: 

EIXO 2: Ritos
1 Rituais:
A acolhida de um indivíduo numa religião institucional é feita através de um rito de entrada. Para isso é necessário uma preparação ao iniciado com informações necessárias para a realização correta e completa da realização de todos os rituais. Existem outros ritos que servem para celebração, agradecimento, oferta, veneração e adoração. Nesse sentido os rituais se constituem de um conjunto de realizações para o encontro com o sagrado. De forma mais amplo os rituais podem servir para se chegar ao Transcendente.
Um rito é uma ação ou o conjunto de ações realizadas nos cultos ou celebrações realizadas pelas diversas religiosidades, seja ela institucional ou não. É através do rito que a religiosidade se manifesta, isto é, ela aparece para o seguidor. O rito proporciona a união do ser humano a si, ao outro e ao Grande Outro. Os ritos das tradições religiosas exercem a função de alimentar a vida espiritual dos seus adeptos. É no conjunto de ritos que se aprende as doutrinas, o conhecimento da religião, as normas de convivência e os mistérios da vida.
Os rituais fornecem elementos para aquisição da prática religiosa. Os humanos reconhecem nos rituais o sagrado e o totalmente outro. Através de suas crenças é reconhecida a existência da realidade que transcende o mundo. Há o reconhecimento comunitário que reúne as pessoas para realizarem os seus cultos. O próprio culto é uma manifestação religiosa constituída de diversos ritos que podem incluir a leitura de textos sagrados, oferendas, a indicação de mistérios, pregações, cantos, danças, reverências e adorações.
Nos ritos são resgatados os modelos de comportamento, o papel de cada fiel na comunidade e as hierarquias das crenças religiosas. Neles existem uma interação do mundo sagrado e do mundo profano. O sagrado se sobrepõe ao profano e nele se revela. Os ritos e os cultos possuem os objetivos de demonstrar a dependência em relação ao sobrenatural, que pode ser positiva e benéfica ou negativa e maléfica, de acalmar as potências invisíveis e de indicar os espaços sagrados e profanos. Esses espaços podem estar na natureza ou separado dela. No entender de Luiz Alberto Alves “o espaço da vida comum separa-se do espaço sagrado: neste vivem os deuses, são feitas cerimônias e de culto, são trazidas oferendas e feitas preces com pedidos às divindades no espaço da vida comum transcorre a vida profana dos homens.”1

1.1 Rituais das Religiões Afro-brasileiras

As manifestações religiosas Afro-brasileira tiveram sua origem no Brasil com sua base trazida da África. Os elementos religiosos africanos deram origem ao Candomblé (Bahia), O Xangô (Recife), Xambá (Nordeste), Tambor de Minas (Maranhão), Omoloco (Rio de Janeiro), Batuque (Rio Grande do Sul) e junto ao sincretismo do catolicismo popular e o espiritismo surgiu a Umbanda.
As religiosidades africanas foram trazidas para o Brasil de maneira forçada, pelas mãos da escravidão. Em terras estrangeiras as divindades africanas dialogaram com as divindades indígenas, inclusive fazendo muitas concessões. Houve então uma mistura de elementos da pajelança com os catimbós. As tradições africanas, como a bantu, ioruba elaboraram uma síntese bem original representada pelo Candomblé. Os Orixás, enquanto divindades que permaneceram, tiveram que se esconder por atrás dos nomes e estátuas dos santos católicos.
O nome dos Orixás sobreviveram à imposição dos nomes cristãos. É o nome que resume a história pessoal e grupal contidas nos mitos, lendas e contos. Os antepassados representam a fonte onde são mediados pelo Orixás. Eles são considerados pessoas-símbolos que representam os ideais e os valores do grupo. O reconhecimento do valor da vida é uma das condições das religiões Afro-brasileiras. Há uma comunhão das relações entre a globalidade, a política, a cultura e amor. O ato de ter filhos é um culto a Olorum (Deus). Os rituais afros encaram a vida com base nas relações entre os humanos, a natureza e os demais seres. O ser humano é o centro e o ponto de passagem entre o visível e o invisível. A ofensa a Deus à Natureza e ao próximo não podem ficar sem retorno. A partilha, a solidariedade e o respeito são fundamentais para a sobrevivência espiritual e material do nosso povo negro. Esta obrigação de comunhão é a atitude que melhor expressa a realização dos seus cultos.
Os ritos Afro-brasileiros dependem da tradição oral enquanto conservam todos os conhecimentos guardados em sua cultura. Eles podem ser os batuques de funda-de-quintal, os pagodes e as escolas de samba desconhecidas. Existem os diálogos nos ritos, realizados pelos pais e mães de santo. Eles representam a figura do ancião que é a referência dos conhecimentos da tradição, necessários para da vida do grupo.
Há nas religiões Afro-brasileiras uma série de objetos que são usadas nos cultos. Tais objetos como altares com imagens representado os Orixás e santos, locais de sacrifício dos animais representando um Orixá específico. Os cultos Afro-brasileiros são realizados para agradecer e festejar junto aos Orixás. Os Orixás são as entidades que guiam a vida dos crentes. Eles são as energias que realizam as coisas boas para os seguidores. Cada pessoa possui um Orixá do qual depende e recebe as energias. O local dos cultos é chamado de Terreiro e neles os rituais são realizados.
Muitas vezes os rituais afro-brasileiros do Vudu, do Candomblé e da Umbanda são associados a rituais de magia negra. Esse erro acontece por ignorância, pois a magia negra, na atualidade, existe somente nos Estados Unidos. Não é de hoje que as religiões Afro são consideradas coisas ruins e perversas. A religião dos negros não mata gente. Os Nagô e Bantu da África, povos que legaram descendência à religiosidade negro-brasileira sacrificam animais para o espírito da natureza. A morte de gente em rituais foi vista apenas nos antepassados de olhos azuis lá na Europa, e os nossos antepassados astecas na América. Os negros africanos foram trazidos como escravos para morrer de trabalhar nas Américas e ainda são acusados de possuírem uma cultura assassina. 2


1.2 Rituais das Religiões indígenas


As religiões indígenas são as que possuem a maior diversidade no Brasil. A principal característica da realização dos cultos indígenas são o que chamam de Pajelança. Seus objetivos são muito variados, servem para proteger a tribo e a aldeia, ou para devolver a saúde do doente. Podem ainda ser feita para pedir a chuva, a boa colheita e a caça.
No começo da colonização brasileira, no século XVI, os indígenas já tinham sua cultura, seu modo de vida e suas manifestações religiosas. O fato é que não existia o reconhecimento, por parte dos portugueses, de nenhuma dessas formas de organização dos indígenas. Os colonizadores entendiam o mundo fundada no cristianismo ocidental tradicional católico, com regras fundadas no pensamento medieval. O que caracterizava a religiosidade indígena era o reconhecimento dos espíritos que podiam vir para realizar coisas boas para a tribo ou trazer feitiços. A figura do Pajé representa a autoridade espiritual da aldeia, o que tem capacidade de entrar em contato os espíritos para trazer bonanças.
O mundo indígena representava, para os portugueses, um atraso do progresso pensado pelo mundo ocidental europeu. O fato de estarem nus dava a sensação de viverem num mundo sem moralidade e sem regras. O que dava a sustentação para a vivência dos povos indígenas eram os mitos e os seus conhecimentos tradicionais.
Na cosmologia de um povo Guarani, chamado Kaiová, uma cruz que sustentará a terra no cataclismo final. Há uma cruz numa mão do pajé e na outra faz soar o maracá. Mesmo que supostamente convertidos ao cristianismo, esse povo revela resistência, tradição e memória na realização dos seus rituais. Ergon Shaden disse que “toda a vida mental do Guarani converge para o além”.3 Esta é uma referência à facilidade que eles tinham de aceitar a conversão dos missionários jesuítas. O que na realidade era uma espécie de adaptação do cristianismo às suas manifestações religiosas.
Os índios Guarani entendem que a terra possui características humanas, ela sente, se alarga, se estende, vê, fala, ouve, sente e é enfeitada, possui vida. Eles não veem a terra como propriedade de alguém, mas eles pertencem à terra. Os rituais realizados indicam isto. No cultivo do milho, feitas em roçados coletivos, a vida comunitária gira em torno do ciclo do milho. São feitos mutirões que culminam com a festa e a dança. Neste sentido o trabalho do cultivo do milho é visto como uma festa rica de ritual e simbolismo e não como um castigo.4
Para os Macuxi de Roraima, para quem a terra é a mãe, existe um ritual chamado de Parichara. O começo é a plantação de mandioca em forma de mutirão, com a qual fazem o caxiri e no fim a realização da festa, que é a realização do agradecimento aos espíritos pela boa colheita. São feitas danças e em ritmo festivo toma-se o caxiri. Os Macuxi ainda possuem pedidos que fazem aos espíritos para que realize uma boa caça, ritual feito pelo rezador. Entendem que esses espíritos são os donos da caça, do rio e outras coisas da natureza e que é necessário lhes pedir licença para caçar, tomar banho e comer os alimentos.



1.3 Rituais do Budismos


Os rituais do Budismo se organizam em torno da figura de Sidarta Gautama, e é reverenciado como o Buda ou o desperto. O Buda não é considerado Deus ou sobrenatural, mas um homem que deu resposta para os dilemas profundos dos dramas humanos. Há uma variedade muito grande de práticas e crenças, nas quais possuem seus fundamentos no reconhecimento da samsara – ciclo de nascimento, morte e renascimento ou reencarnação – e dos períodos de estudos, auto-mortificações, meditações para alcançar a iluminação. A sua doutrina está organizada nas quatro nobres verdades e no Caminho Óctuplo. Os componentes do Óctuplo são: compreensão correta, pensamento correto, fala correta, conduta correta, esforço correto, contemplação correta e concentração correta.
Entre as práticas do Budismo incluem ainda os cinco preceitos – não matar, não roubar, não ter má conduta sexual, não mentir, não ingerir álcool – a oferenda de alimento aos monges, celebrar os ritos de passagem, comemorar o aniversário do Buda ou dos “santos” budistas e a peregrinação.
Existe a noção de que a disciplina moral e espiritual poderia resolver o problema da morte. As más ações devem ser evitadas e se alguém o fizer passará por um dos estágios do inferno para erradicar suas faltas. Aqueles que evitam más ações, através da devoção ou doação aos monges alcançam méritos e conseguem nascimento melhor. A quebra da sucessão de renascimentos, é para Sidarta, o Nirvana, que é considerada a libertação. O Nirvana só é alcançado quando se evita a ignorância e o desejo e acontece o fim do processo de reencarnações, o que ocorreu com Sidarta. A trilha para o caminho do Nirvana são a renúncia dos prazeres, a prática da meditação e a conduta moral correta.
Por instrução de Buda, aconteceu a veneração dos seus restos mortais que foi cremado e teve as cinzas depositas em relicários funerários ou estupas. A veneração destes restos mortais deu origem à tradição budista de adoração que é direcionada a relíquias, objetos, imagens e locais santificados que estão associados à vida de Buda. Um dos rituais relacionados a essas relíquias é caminhar em círculo em torno da estupa para orientar-se firmemente em torno do cosmos.
Os funerais budistas visam a guiar o morto para que ele tenha nascimento melhor. Os funerais Tibetanos vão além e visam assegurar a libertação do Samsara, além de preparar para aceitação da perda e prepara para a passagem desta vida.
O fundamental na prática do Budismo é “encontrar a serenidade num mundo de sofrimento e mudança”.5 As práticas religiosas visam a encontrar o caminho do meio para se evitar atitudes extremadas e tem a função de evitar o sofrimento para chegar ao nirvana. Há três princípios que expressam o nirvana: conduta ética, disciplina mental e conhecimento do eu e do mundo.
Na tradição budista há várias formas de se praticar a concentração mental exigido pela disciplina mental. Uma técnica “é sentar-se em posição estável, com as costas retas e as pernas cruzadas, e cultivar a 'plena atenção' à respiração”.6 Esta técnica tem como objetivo acalmar a mente, eliminar emoções maléficas e ficar atento à realidade do eu e do mundo. Outra forma de meditação é a forma de culto em que se dá atenção a imagens mentais de Budas que estão em Templos e locais considerados sagrados para os seus seguidores.


1.4 Rituais do Cristianismo (católicos e evangélicos)


Os cristãos possuem seus cultos com base nos evangelhos escritos pelos seguidores de Jesus de Nazaré a partir do século I. Os discípulos, pequeno grupo de seguidores, acreditavam que era o Cristo ou Messias, redentor divino da humanidade que morreu e havia ressuscitado. A base do culto cristão é a crença da ressurreição de Cristo e a fé em um único Deus. Nos primeiros séculos os cristãos eram perseguidos por suas opções religiosas. Além disto foram incluídas em suas crenças todo o Primeiro Testamento que era seguido pelos Judeus da época.
Consideram-se vitais para o culto dos cristãos a vivência em comunhão, a fraternidade e a imitação de Jesus Cristo. Os acontecimentos referentes à vida de Jesus, suas pregações bem como a morte e a ressurreição foram escritos nos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João – chamado de Segundo Testamento. O anúncio da ressurreição de Jesus pelos seus discípulos e do cumprimento das promessas de Deus em relação à chegada do messias anunciadas no Primeiro Testamento tiveram grande repercussão.
Alguns ritos religiosos dos cristãos possuem como base o Judaísmo – a Páscoa e , que foram adaptados às diversas realidades vivenciais de diferentes povos. A celebração da eucaristia era um rito familiar realizado pelos primeiros cristãos em locais muito escondidos nos primeiros séculos do cristianismo.
O culto do catolicismo é litúrgico, isto é, cerimônias realizada nas igrejas, e tem suas orientações a partir de sete sacramentos – batismo, eucaristia, crisma, penitência, ordenação sacerdotal e extrema unção. O culto dos santos é uma prática devocional originada da forma simples como o povo manifestava sua religiosidade. Os santos são homens e mulheres que viveram em extrema virtude ou morreram como mártires que deram testemunho de vida e exemplo de ideais religiosos e morais. A veneração envolve a reverência, a tentativa de imitar a espiritualidade e as práticas de devoção. Essas práticas incluem ofertas, invocações, promessas e pedido de curas e milagres. O culto oficial da Igreja Católica é a missa, onde há uma sequência de ritos com orações, pedidos de perdão, leituras bíblicas e a consagração da eucaristia, onde se considera a presença de Jesus Cristo no pão (hóstia) e no vinho. Quando da ausência de um sacerdote, os católicos admitem a realização do culto com a celebração da palavra lideradas por pessoas leigas. As procissões, espécie de caminhada com orações, são bastante populares, nas quais são realizados ritos muito diversificados, em geral com celebrações diversas em homenagem aos santos, santas e a Jesus Cristo.
O Protestantismo possui visões diferentes em relação aos seus cultos. O mais fundamental para os protestantes é a autoridade suprema da Bíblia. Há o reconhecimento de dois sacramentos – o batismo e a eucaristia – que são considerados simbólicos. O princípio do protestantismo foi trazer a Bíblia para a compreensão das pessoas. Para isso Marinho Lutero (1483-1543) traduziu a Bíblia para o alemão e considerava a palavra de Deus única senhora da igreja. Para ele somente as escrituras possuem a autoridade para encaminhar a vida do cristão, tirando a ideia de mediadores sacerdotes ou santos, como acontece na Igreja Católica, afirmando ser Cristo o único mediador. Lutero considera que não havia necessidade de atos piedosos (ações) para alcançar a salvação da alma, mas somente a graça de Deus e a fé. Surge uma nova forma de igreja que influencia os cultos evangélicos. A comunidade de crentes passa a ser considerada nos cultos diferentes pompas realizadas pelos católicos. Os cantos, no Protestantismo, são cantados pela comunidade. Uma das características dessa igreja era o rito da confirmação e do fortalecimento da fé. Jovens de ambos os sexos são acolhidos pela comunidade. “Depois da profissão de fé, com a oração e com a imposição das mãos, eles se tornam membros adultos da comunidade, com todos os direitos e deveres. Só então é que são admitidos à ceia eucarística.”7
Muitas Igrejas Evangélicas realizam seus ritos e cultos com essas características. Estima-se que existam no mundo mais de 400 denominações religiosas cristãs com uma grande variedade de interpretações da Bíblia e formas de rituais diferentes, ainda que com aspectos semelhantes ao pensado por Lutero. O foco principal dos cultos evangélicos é a pregação da palavra centrada na Bíblia e na eucaristia.


1.5 Rituais do Islamismo (muçulmanos)


O Islamismo é uma religião e forma de vida de origem árabe, que surge na cidade de Meca no século VII d.C. Segundo a tradição Maomé (Muhammad) é visto como o profeta e mensageiro de Deus (Alá) e recebeu diretamente de Deus a revelação que está descrita no Alcorão. Mesmo sendo de tradição árabe a maioria dos muçulmanos não deste país, mas a Indonésia, o Paquistão, o Bangladesh e a Índia. Islã é uma palavra árabe que significa submissão, no sentido de obediência em mente e espírito à vontade de Deus, é uma atitude interior de obediência a Deus, submissão à sua vontade às consequências de sua vontade que é a paz.
Há o reconhecimento dos muçulmanos que Abraão seja o fundador da sua fé, reconhecem ainda outros profetas do judaísmo e ainda Jesus do cristianismo. Mas o último e definitivo profeta é Maomé, a quem eles realizam rituais de comemorações de seu nascimento. Os seus seguidores também são considerados como autoridades, pois tiveram contato com o profeta. Por perseguição aos seus seguidores, Maomé teve que viajar em peregrinação da cidade de Meca para Medina. Essa viagem é conhecida com o nome de Hégira.
Maomé tem a função de profeta de Alá e não é representado como uma figura divina, como é a figura de Jesus para os cristãos. Para os muçulmanos Deus foi o autor do Alcorão e intermediado pelo anjo Gabriel, para que Maomé o escrevesse. Maomé é quem testemunhou, na forma de revelação direta o que está escrito no Alcorão.
Para o Islamismo as orações são realizadas em mesquitas, construções quadradas com o pátio aberto e uma torre. Os fiéis são chamados cinco vezes ao dia para a oração (Salat). Antes de rezar o fiel lava as mãos, antebraços, as pernas abaixo do joelho, o rosto, a boca e o nariz. Para isto a Mesquita tem um tanque de água onde são feitas essas abluções (espécie de banho). Há uma área para as orações, um púlpito para as pregações, e um local onde está indicada a direção de Meca, considerada para o Islã a cidade santa.
No começo os muçulmanos rezavam voltados para Jerusalém, mas depois passaram a rezar em direção ao Santuário sagrado de Meca. Ao entrarem na Mesquita os homens tiram os sapatos e as mulheres cobrem a cabeça. As orações são feitas com uma postura do corpo de joelhos no chão e a cabeça abaixada (prostração), levantam as mãos e gritam Allahu Akbar (Alá e Grande). Colocando a mão direita sobre esquerda eles recitam o capítulo de abertura do Alcorão. Existem outras posturas como a prostração completa e sentar com as pernas cruzadas. Para cada posição pronunciam palavras como al-tashahud (testemunho), fazendo referência ao testemunho de Maomé como apóstolo de Alá.
Nas mesquitas são escritos textos decorados com palavras do Alcorão, mas não são permitidos imagens ou símbolos visíveis de Deus. Há um plano matemático nas mesquitas que representa a ordem e o plano do universo.



1.6 Judaísmo


O Judaísmo enquanto religião monoteísta faziam o culto à um Ser maior que todos os deuses. Os três pilares do judaísmo são: Deus, a Torá e Israel. O culto ao Deus universal, eterno e criador do universo toma como base a aliança feita com os judeus. A esse Deus é atribuída a função de luz das nações. Ele é um Deus de todo o mundo, onipresente e onisciente, uma realidade indivisível, invisível e transcendente, fonte de toda ética e moral. A relação entre Israel e Deus é expressa na oração, Shemá, que é uma profissão de fé judaica.8 Deus também limitou a sua ação direta sobre assuntos humanos com o objetivo de lhe dar liberdade. Esse Deus não pode ser demonstrado através da linguagem, mas pela sua atividade que são a justiça e a misericórdia. Evitam que se fale o seu nome e o consideram sagrado demais para ser dito. Então usam os temos “meu Senhor” e o Nome. Com exceção nas orações em que o seu nome pode ser pronunciado. Não existe nenhuma forma de representação desse Deus, seja de forma humana ou de animal ou qualquer outro tipo de manifestação. Os judeus deixam isto evidente, pois para eles o seu Deus é invisível e está além da compreensão humana.
A Torá é o escrito que contém os ensinamentos divinos, os mandamentos e os rituais que influenciam os comportamentos e a ética dos judeus. A memória dos judeus se remente à promessa da terra feita por Deus a Abraão e seus descendentes e a aliança feita no Monte Sinai.
Mesmo com a morte do rei Salomão o reino se dividem em Israel (norte) e Judá (sul) e com a destruição do Templo pelos Babilônios (586 a.C.) os judeus mantiveram a sua religião. Tanto no exílio, na diáspora (judeus que vivem fora de seu país de origem) ou nas mais diversas adversidades vividas por eles, nunca houve o abandono de suas manifestações religiosas. O domínio da Babilônia era considerado como punição de Deus aos judeus. Essa noção influenciou os rituais judaicos.
Com o domínio dos Romanos (66 a.C.) sobre a região da Palestina, em 70 d.C. o Templo e a cidade de Jerusalém foram destruídos. Restando apenas o muro das lamentações, uma parte do antigo muro do Templo, em que os Judeus consideram o lugar mais sagrado da terra. Eles rezam e depositam súplicas e desejos dos fiéis.
Sem Templo e sem o local adequado para a sua construção, os judeus criam as sinagogas, que são locais de oração dos fiéis. Eles então substituem a prática do sacrifício, possível somente no Templo, pela leitura dos textos sagrados. No lugar do antigo Sacerdote fica o Rabino, que é o mestre do pensamento de doutor da lei.9
No início do primeiro século os fariseus democratizaram as escolas judaicas. Isso permitiu que os Rabinos tivessem seu aprendizado na prática e se desenvolvesse a crença na vida após a morte, fazendo os judeus aceitarem o difícil destino de seu povo neste mundo. No século XVI houve uma volta ao misticismo e à especulação messiânica devido às hostilidades vividas pelos judeus. No século XX sofreram pelo holocausto imposto pelo nazismo alemão, mas foi após a segunda guerra mundial, em 1948, que os judeus puderam identificar a sua cultura a um lugar, à terra prometida, como descrita nos ensinamentos bíblicos da Torá.

1BOHNE, Vicente V. E. (Coord.). Ensino Religioso – Capacitação para um novo milênio: O fenômeno religioso no ensino religioso, Caderno 4, FONAPER, 2000, p. 25.
2ARAGÃO, Gilbraz. Cuidado com a magia negra. Disponível em: <http://crunicap.blogspot.com.br/search?q=ritual>, Acesso em: 08 maio 2013.
3SHADEN apud FAUSTO, Carlos. Se Deus fosse Jaguar: canibalismo e cristianismo entre os Guarani (Séculos XVI-XX), MANA 11(2):385-418, 2005, p. 386.
4COSTA, Eber Borges da. Tapeporã – Caminho Bom: análise da prática missionária de Scilla Franco entre os índios Kaiowá e Terena no Mato Grosso do Sul – 1972 a 1979. Dissertação (Mestrado). São Bernardo do Campo: Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, 2011.
5COOGAN, Michael D. Religiões, São Paulo: Publifolha, 2007, p. 167.
6COOGAN, Michael D. op. cit., 2007, p. 185.
7KÜNG, Hans. Religiões do Mundo: em busca de pontos comuns. Campinas: Verus editora, 2004, p. 240.
8EHRLICH, Carl S. Conhecendo o Judaísmo: origens, crenças, práticas, textos sagrados, lugares sagrados. Petrópolis: Vozes, 2010.
9VALLET, Odon. Uma outra história das religiões, São Paulo: Globo, 2002.

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