Os cristãos creem que Jesus Cristo é o
filho de Deus. Os mistérios que envolvem a morte e a ressurreição
de Jesus dão início ao Cristianismo. Jesus era judeu, viveu e
morreu na Palestina. Os primeiros seguidores da “Boa Nova”,
escritas nos evangelhos, eram judeus. A partir da chegada em
Antioquia é que os anunciadores de Jesus forma denominados cristãos.
As características que diferenciam o Cristianismo são a experiência
do Espírito Santo e a ressurreição de Jesus (FONAPER, 2000a, p.
30).
A fé cristã precisa ter ações práticas.
Não se deve justificar a opressão e a exploração. Só assim terá
sentido as celebrações litúrgicas realizadas. Cristo é a
inspiração básica para as boas ações. Vejam-se os exemplos de do
teólogo protestante Dietrich Bonhoeffer ou do pastor e defensor dos
direitos humanos Luther King ou o padre polonês Popieluszko ou de D.
Oscar Romero, ao engajarem-se em favor dos desfavorecidos. Todos eles
possuem em comum: “eram cristãos conscientes e convictos;
empenhavam-se por seus semelhantes, sem violência; foram mortos com
brutal violência”. Suas lutas tinham como modelo Jesus de Nazaré.
Neste sentido é que a essência do Cristianismo é esse Jesus
Cristo. (KÜNG, 2004, p. 213-24).
Após divisões e concílios – reuniões
para resolver questões de fé – “o cristianismo subdividiu-se
entre ocidental e oriental” ocorrida em 1054. Com a reforma de
Lutero o cristianismo ocidental dividiu-se em católicos e
protestantes, iniciada 1517. (Ibid., p. 31).
A igreja é o “Corpo de Cristo” e a sua
presença viva no mundo para o Cristianismo. Para seguir o exemplo de
Cristo, seus seguidores ensinam, pregam os evangelhos e servem o
próximo em especial aos necessitados. No Batismo o cristão aceita a
igreja “recebe a graça e o poder para fazer a obra de Cristo e
entre em nova vida, transcendendo a morte”. A eucaristia (ceia) é
o momento da confirmação da promessa, feita por Jesus, de estar
sempre entre eles (Ibid., p. 31).
A igreja ortodoxa constitui-se de diversas
igrejas independentes e remontam ações missionárias no mundo
mediterrâneo. “As mais antigas são a igreja ortodoxa grega e as
igrejas sob os patriarcas de Alexandria, Antioquia e Jerusalém”.
Além destas tem ainda as de São Cirilo e São Metódio, da Rússia,
da Sérvia, Romênia, Bulgária, Antiga Checoslováquia, Polônia,
Chipre e Albânia. Os ortodoxos compartilham maioria das crenças,
mas possuem diferenças quanto ao estilo e a prática de vida cristã.
A igreja ortodoxa não reconhece a autoridade do papa e “tem no
patriarca o seu chefe” (Ibid.).
O termo ortodoxo – do grego – é usado
pelas igrejas orientais. Essas igrejas estão marcadas pelo mundo
grego. Além de linguagem do novo testamento, o grego era usado na
liturgia e como linguagem inter eclesial. Os ocidentais chamavam-se
de católicos e os orientais, ligados à Constantinopla preferiam
“ortodoxos”. (Ibid., p. 32)
Em geral os ortodoxos usam os ícones, como
forma de representação real. Eles são venerados de forma
respeitosa. Os devotos consideram que através desses ícones podem
adentrar “o tempo e o espaço sagrados”. Acreditam que existem
poderes milagrosos, em especial os que são feitos com a mão,
denominados de acheiropoietos.
É também o símbolo da realidade transcendente e usado como
referência de meditação (Idem).
Os cristãos consideram a Bíblia judaica
como o Antigo Testamento, onde os desígnios de Deus fizeram com que
se estabelecesse uma aliança com os homens, mas que tudo se completa
efetivamente no Novo Testamento (Evangelhos), onde o messias –
Jesus – esperado e anunciado no Antigo Testamento se realiza com a
Vinda de Jesus Cristo.
O cristianismo no Ocidente
O Cristianismo baseia-se na vida e obra de
Jesus Cristo. Um grupo de discípulos da Galileia, seguidores de
Jesus receberam missão, “confirmada pelo Espírito Santo”
(FONAPER, 2000b, p. 7). No século XIX o Cristianismo espalhou-se
pelo mundo e é hoje a religião de um quarto da população mundial:
“O Cristianismo é (ou deve ser) a resposta para a questão: ‘Bom
Mestre, que farei para herdar a vida eterna? ’ (Marcos, 10, 17).
Jesus respondeu: pelo total desapego de si e de seus bens. Deus julga
a todos por um critério: ‘Em verdade vos digo: cada vez que o
fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos a mi o fizestes’
(Mateus, 25, 40)” (Ibid., p. 8).
O ensinamento de Jesus Cristo constituía
algo muito simples. Ele simplificou a Bíblia judaica em amor a Deus
e ao próximo, mas com a exigência do amor cristão (Ágape).
A “Boa Nova” ou Evangelho (Gr. Euaggélion)
“de salvação do pecado e da morte devem ser compartilhados”. É
nos Evangelhos que estão os ensinamentos de Jesus, contados pelos
quatro evangelistas. “A teologia tradicional considera que Jesus é
o filho de Deus – a segunda pessoa da Santíssima Trindade -, que
se tornou homem e veio ao mudo para salvá-lo através da pregação
de sua doutrina, foi crucificado, ressuscitou, subiu ao céu e
voltará, no momento do Juízo Final, para julgar toda a humanidade”.
(Idem).
O Cristianismo, no início, se constituía
de um pequeno movimento que teve a experiência do Espírito Santo a
acreditavam na ressurreição de Cristo. No século II, houve uma
mudança nessa constituição inicial. O que antes era a igreja que
representava o “Corpo de Cristo” sob uma só cabeça,
“transformou-se na imagem do exército romano, em um papa (líder
espiritual da igreja), cardeais, bispos, padres, monges, freiras e o
leigos. Outras formas de Cristianismo, como o presbiterianismo ou o
congregacionalismo, tentam manter o primitivo modelo democrático do
Corpo” (Ibid., p. 9).
Após a divisão do Cristianismo em
Ocidental e Oriental ou Ortodoxo, houve tentativa de reunificação
que falharam. Os motivos foram a rejeição de Cristãos Ortodoxos à
autoridade universal do bispo de Roma (o papa). Esta autoridade
tornou-se ainda mais absolutas no Vaticano I (1869-1870) que “afirmou
a infalibilidade papal em assuntos morais e de fé. O Vaticano II
(1962-1965) buscou um estilo mais consultivo da Igreja, mas isso
ainda não foi alcançado na prática” (Idem). O Cristianismo
Ocidental dividiu-se pela Reforma e as Igrejas reformadas. As
modificações eram em relação à doutrina e à prática. Isso deu
origem às igrejas luteranas, batistas, metodistas, presbiterianas
etc. Há tentativas de ecumenismo com o CMI – Conselho Mundial de
Igrejas – e o CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs) (Cf.
FONAPER, 2000b, p. 9).
Os Cristãos concebem que Jesus Cristo é o
poder divino no mundo. Jesus se identifica com Deus e parecia que
Deus agia através dele. “Quem me vê, vê o Pai” (João,14, 9).
Esta noção deu origem a crença de que Jesus era Deus e homem. Tal
crença levou a algumas doutrinas cristãs: Encarnação,
Cristologia, Trindade e Remissão:
A doutrina da Encarnação
afirma que Deus estava presente em todos os momentos e aspectos da
vida de Jesus, e isso, no entanto, não destruiu ou sufocou sua
existência como ser humano.
A doutrina da Cristologia
prega que Jesus era, portanto, uma pessoa em que as duas naturezas, a
humana e a divina, estavam sempre e harmoniosamente presentes.
A doutrina da Trindade
sustenta que Deus é sempre aquilo que foi revelado por meio de
Cristo: Pai, Filho e Espírito Santo.
A doutrina da Remissão é a
crença de que as coisas que Jesus fez durante sua vida, curando as
pessoas e restituindo-as a Deus, independentemente de quão pecadoras
tivessem sido, podem repetir-se hoje para os que têm fé; na morte
na cruz triunfa sobre a separação de Deus provocada pelo pecado e
pela morte. (Ibid., p. 12).
Em suas características essenciais o
cristianismo é determinado pelo modelo de quem foi Jesus Cristo.
Assim Küng resume o que é ser cristão:
Cristão é todo aquele que,
em sua caminhada pessoal – e cada pessoa tem seu próprio caminho
–, tenta se orientar por este Jesus Cristo. No fundo, nenhuma
organização, nenhuma instituição e também nenhuma igreja deveria
honestamente chamar-se cristã se não pode tomá-lo como referência
(KÜNG, 2004, p. 214).
Os cristãos possuem o aspecto da
esperança. Ela é a fonte de todas as suas ações. Para isso
observa-se uma cultura de não violência, respeito à vida, de
respeito mútuo entre homens e mulheres, solidariedade, justiça,
tolerância e veracidade. O respeito entre as culturas e
religiosidades do mundo também está no foco dos cristãos. O
esperar representa então uma ação, o agir para que haja diálogo
entre as religiões.