O
Hinduísmo se constitui de um conjunto de religiões da Índia. Há
diversas formas de manifestações religiosas, dentre elas existem a
religião popular e a filosofia religiosa. As raízes do Hinduísmo
encontram-se na civilização do vale do Indo, que datam de 2500 a.C.
A 1500 a.C.. A cultura dravídica, na Índia meridional e a religião
dos árias no noroeste da Índia a partir de 1500 a.C. são
consideradas desenvolvidas. Da religião ariana surge a Védica,
fundada no sacrifício e possuem textos orais chamados Vedas. Os
Vedas possuem diversas coletâneas de textos sagrados – Samhitas,
Brahmanas, Upanixades – estas são Shruti que é “aquilo que se
escuta”, onde está a verdade eterna, quando sofreram degeneração
pela escrita. Existem outros textos que compõem o Smriti ou “aquilo
que é lembrado”, São eles: Ramayana
e o Mahabharata,
onde está escrito o “venerado poema Bhagavad
Gita.
(Cf. FONAPER, 2000a, p. 7).
A
sociedade védica (de vedas) parece originar-se da simbiose entre
ética, misticismo, magia e ciência no primeiro milênio a.C.. O
vedismo é uma forma religiosa do norte da Índia que influenciou
todas as outras manifestações religiosas dos hindus. Veda “é o
conjunto dos textos sagrados (escritos vários séculos após sua
elaboração oral) com fins litúrgicos ou de sacrifício e que
integram as revelações (shrutis)
feitas pelas divindades aos rishis,
sábios dos tempos védicos que também eram poetas e adivinhos”
(VALLET, 2002, p. 120).
Na
visão do Hinduímo não há origem: “é o caminho eterno que segue
as regras e existências básicas da ordem cósmica à media que ela
passa por ciclos infinitos”. (FONAPER, 200, p. 7). A fé dos hindus
é como o Darma eterno.
A
religião pré-védica é a mais conhecida pela civilização do vale
do Indo. Nela há manifestação de símbolos de fertilidade e da
Mãe-Terra e outros naturais como água, lótus (planta) e animais. O
centro da força da terra estão em árvores e pilares (Idem).
Na
religião védica a manifestação de deuses e deusas se dá em
vários aspectos da vida. Todos os hindus reconhecem quatro objetivos
de vida: darma, artha, karma e moksha. Há os quatro estágios da
vida: Brahmakaria, grihastha, vanarasha, sannyasin. Na religião
védica há um mundo de deuses e deusas elementares como Rudra e
Indra e a trindade Brahma – que cria o universo no começo de cada
ciclo – ; Vishnu – o que preserva; e Shiva – destrói e renova
destruindo. “Os deuses se manifestam em avatares ou 'descendidos',
quando aparecem na Terra. Os avatares mais importantes são só de
Vishnu, principalmente quando aparecem como Krishna” (FONAPER,
2000a, p. 8).
As
escola e tendências filosóficas que compõem o Hinduísmo são
chamadas de darshanas:
- Samkhya e Yoga: são os mais antigos. Samkhya é uma filosofia especulativa dualista e emancipacionista e Yoga é uma sistematização técnicas para alcançar a hiperconsciência (samadhi), através de práticas contemplativas objetivando atingir o estado de não-condicionamento.
- Nyaya e vaisheshika: A Nyaya é penetrar, compreender ligando-se com a lógica. O Vaisheshika visa a explicar a origem, estrutura e evolução do universo numa configuração tomista.
- Mimansa e Vedanta: O Mimansa constitui uma interpretação das escrituras védicas indicando os rituais e as cerimônias religiosas. O Vedanta é o darshama espiritualista e teísta e indica que a realidade não é como percebemos (Ilusão – maya) (Ibid., p. 8-9)
O
essencial do Hinduísmo provém das escrituras Upanishads.
Nelas há o diálogo entre o mestre e seu aluno na qual sua principal
doutrina é “ainda que o poder de maya
(a ilusão) faça o mundo parecer real, Brahman é a realidade última
e sem forma” (FONAPER, 2000a, p. 9).
O
atman
– espírito ou alma – é indestrutível e idêntica ao Brahman.
O Atman
é determinado pelo karma
(resultado das ações) que pode alcançar o moksha (libertação)
através da samsara
(nascimentos e mortes sucessivos) (Ibid.). Na concepção de Vallet
há uma espécie de fusão do atman ao brahman que é o ser supremo e
a personalidade se dissolve em um Si supremo” (VALLET, 2002, p.
123).
O
darsham
é o culto de contemplação da imagem e o puja
é um ritual para o lar e o templo. O templo abriga a imagem de Deus
e serve para trazer sua presença. Os hindus procuram evitar a
contaminação do nível mundano e para isso preparam alimentos –
vegetarianos (FONAPER, 2000a, p. 9).
As
castas possuem importância em relação às funções realizadas
pelas pessoas. Os varnas – como são chamadas as quatro castas no
Hinduísmo – são:
- brahmanes: sacerdotes e profissionais liberais;
- kshatryas: dirigentes e militares;
- vaishyas: camponeses e mercadores;
- shudras: artesãos.
Inicialmente
essas castas não eram tão rígidas como atualmente, serviam para
demonstrar as qualidades e funções.
Os
bhakti,
no Hinduísmo, é a devoção que não necessita do sacerdote ou
guru. Ela é a experiência da “união que existe entre a alma
individual atman e o espírito universal Brahman”. (FONAPER, 2000a,
p. 9).
O
karma, caminho da ação, faz-se sem interesse, para que os feitos
“bons ou maus não amarrem o atman (eu) a vidas sucessivas”
(Ibid.). O Jñana – caminho do conhecimento – feito pelo guru (o
que esclarece) com base nas escrituras “a natureza do Brahman, o
universo e o lugar dos seres. A iluminação espiritual constitui-se
no objetivo dos caminhos. A lei da verdade é o único Deus que
manifesta-se nas formas de: criação (Brahma); preservação
(Vishnu) e destruição (Shiva) (Ibid.).
No
Hinduísmo não há um fundador e parece inexistir dogmas. Essa
religião constitui-se de aspectos culturais que originaram a
doutrina. Sua fé num Deus (em diversas formas), na autoridade dos
vedas, na criação, conservação e destruição contínua, na
transmigração das almas obedecendo o carma, na obediência da lei
da varna e na libertação final constituem características
fundamentais para o Hinduísmo. Além disto o respeito a todas as
criaturas exige que alguns hindus sejam vegetarianos e outros
sacrificam animais para se alimentar. Em relação a Deus alguns
adoram Shiva e outro o Vishnu e as encarnações (Krishna ou Rama) e
outros adoram deusas (Ibid., p. 11).
REFERÊNCIAS
FONAPER
– Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso. Ensino
religioso: capacitação para um novo milênio: O fenômeno religioso
nas tradições religiosas de matriz oriental,
Caderno 8, Caderno de Estudos Integrantes do Curso de Extensão – a
distância – do Ensino Religioso,Brasília, [s/e], 2000a.
FONAPER
– Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso. Ensino
religioso: capacitação para um novo milênio: O fenômeno religioso
nas tradições religiosas de matriz ocidental,
Caderno 6, Caderno de Estudos Integrantes do Curso de Extensão – a
distância – do Ensino Religioso,Brasília, [s/e], 2000b.
GAARDER,
Jostein. HELLERN, Victor. NOTAKER, Henry. O
livro das religiões, São
Paulo, Companhia das letras, 2005.
KÜNG,
Hans. Religiões do mundo:
em busca de pontos comuns, Campinas, Versus editora, 2004.
MARTINELLI,
Stefano. A religião na sociedade
pós-moderna: entre
secularização e dessecularização.
O
ALCORÃO, Base
de dados: http://www.livroesoterico.com.br,
Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do>,
acesso em: 01 ago 2012.
O
QUE É BUDISMO, Templo Zu Lai e
BLIA – Associação Internacional Luz de Buda, 2006.
SMITH,
Huston. As religiões do mundo:
Nossas grandes tradições de sabedoria, São Paulo, Cultrix, 2007.
VALLET,
Odon. Uma outra história das
religiões. São Paulo, Globo,
2002.
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