Na Torah,
bíblia judaica, com significado de orientação instrução, a
partir do Gênesis “os judeus veem um propósito e um desígnio no
trabalho divino de criar o mundo e colocar os homens dentro dele.
‘Deus viu tudo o que tinha feito: e era muito bom’” (FONAPER,
2000a, p. 22). No Gênesis também é mostrado que a paz e a harmonia
foram afastadas. Na Torah
é descrito o êxito dos israelitas do Egito. Ela se constitui de
leis para um pacto com Deus, fundada no monoteísmo e um código
ético rígido (Ibid., p. 23). Já a Tonach
inclui a Torah
e outros inscritos.
As escrituras do judaísmo configuram 3500
anos de atividade espiritual, ainda que não haja credo específico.
Além da Torah
ou Pentateuco que são os cinco primeiros livros da Bíblia, o Talmud
é obra importante para os Judeus. Neste estão o Mishná
que são as leis orais e o Gemará,
são comentários das leis feitos pelos Rabinos (Ibid., p. 23).
O Judaísmo fundamenta-se na “crença do
Deus vivo, transcendente, onipotente e justo, e que se revela à
humanidade.” Isso leva à fraternidade entre os homens e a
obrigação ética de prática da justiça, da misericórdia e
“caminhar humilde no caminho de Deus”. O sistema de leis rituais
e as normas alimentares são considerados sagrados para toda a vida
cotidiana. Há observância do Shabat – da tarde da sexta-feira à
tarde do sábado – em que é celebrado com rezas e leituras na
sinagoga. As festas judaicas são a Páscoa, o Pentecostes, o Ano
Novo, o Dia do Perdão e a festa dos Tabernáculos (Ibid., p. 23).
Seitas e movimentos, como os saduceus e os
fariseus surgem no início da era cristã.
No século XII, Maimônides
tentou relacionar o Judaísmo com a filosofia ocidental,
particularmente com a aristotélica. Com Moshe Mendelssohn,
iluminista do século XVIII, e como o hassidismo, que prega a
misericórdia e o misticismo, ao lado dos ortodoxos, que defendem a
adesão rígida à Torá, os reformadores dentro da tradição de
Mendelssohn, repudiam a obediência estrita às leis rituais e
ressaltam a compatibilildade do Judaísmo com os valores seculares
liberais. Entre essas duas posições, o Judaísmo conservador
defende um meio-termo: aceitação da Torá adaptada às condições
modernas (Ibid., p. 23).
O povo judeu acredita descender da tribo de
Canaã, no Oriente Médio e crê descender de Abraão, que se tornou
pai de uma grande nação. Deus fez aliança com Abraão onde
prometeu uma terra fértil. Sabe-se que as terras nunca tiveram um
único dono, mesmo assim os judeus sentem-se ligados a essa promessa.
A terra, então, se torna crucial para eles. Houve sucessivas
alianças de Deus para com o povo, através de mediadores:
- Abraão: recebe de Deus ordem para ir à Terra Prometida;
- Os patriarcas Isaac e Jacó (este pai das 12 tribos de Israel);
- Moisés: aceitação da aliança com a Lei no monte Sinai;
- Davi: reinado como instrumento de mediação da vontade divina. (Cf. FONAPER, 2000a, p. 24).
Com Davi o rei é ungido passando a se
chamar messias. Os reis despontam o povo e a esperança messiânica
“voltou-se para um futuro rei que viria inaugurar o reino de Deus
na terra”. Salomão ergue o primeiro templo, lugar de devoção,
culto e peregrinação. Foi construído um segundo templo após o
exílio da Babilônia, no século V a.C., que fora destruído em 70
d.C. pelos romanos (FONAPER, 2000a, p. 24).
Houve conflito de Deus com os que queriam
seguir outros deuses. Os profetas, então, “falaram poderosamente
em nome de Deus” (Yahweh).
Para tanto era necessário ser santos. Na Tenach
e em especial na Torah
(lei) tem o significado de ser santo. Nela está incluso os
mandamentos positivos e negativos. “Ao observá-los, os judeus
estão dizendo ‘sim’ ao propósito de Deus de usar Israel para
começar seu trabalho de reparação”. Trata-se da linguagem do
amor, traçando o caminho de aceitação de Deus que escolheu Israel
para a reconciliação dele com a comunidade (Ibid., p. 25).
Podem-se indicar duas ideias que
fundamentam o Judaísmo: Um Deus transcendente que ama a criação e
a dignidade humana configurada pela intuição moral gravada por obra
divina nos corações. Deus propõe um contrato sagrado de respeito à
vida e a promoção da justiça. Essas ideias são chamadas de
monoteísmo ético. Os judeus, ao combinarem o monoteísmo ético com
os antigos rituais, possuem um sentido de identidade. Os dez
mandamentos são o código central para atender a vizinhos e suas
famílias. O homem é para o Judaísmo capaz de fazer o bem ou mal,
mas o bem se sobrepõe ao mal. O pacto de Deus com Abraão consiste
numa vida na presença de Deus e a circuncisão, para isso os judeus
terrão a terra de Canaã, a Terra Prometida (Ibid.).
Após a destruição do templo no primeiro
século de nossa era e a expulsão da Terra Prometida, os judeus
permaneceram na diáspora. No século XIX houve um movimento, chamado
sionista, com o objetivo de reunificar os judeus a Jerusalém. Após
a segunda guerra mundial viu-se a necessidade da restauração do
Israel como Estado judeu. Ainda que tenha se realizado tal
restauração, não há unificação em relação em relação às
formas de realização do Judaísmo. Existem o Judaísmo ortodoxo, o
conservador, o reformista e o liberal. Discute-se aí se a Torah deve
ser seguida ao pé da letra ou seguir o espírito, se os verdadeiros
judeus são os descendentes ou devem-se incluir outros (Ibid.). E
ainda se mulheres devem assumir ou não funções rabínicas (VALLET,
2005, p. 29).
REFERÊNCIAS
FONAPER
– Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso. Ensino
religioso: capacitação para um novo milênio: O fenômeno religioso
nas tradições religiosas de matriz oriental,
Caderno 8, Caderno de Estudos Integrantes do Curso de Extensão – a
distância – do Ensino Religioso,Brasília, [s/e], 2000a.
FONAPER
– Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso. Ensino
religioso: capacitação para um novo milênio: O fenômeno religioso
nas tradições religiosas de matriz ocidental,
Caderno 6, Caderno de Estudos Integrantes do Curso de Extensão – a
distância – do Ensino Religioso,Brasília, [s/e], 2000b.
GAARDER,
Jostein. HELLERN, Victor. NOTAKER, Henry. O
livro das religiões, São
Paulo, Companhia das letras, 2005.
KÜNG,
Hans. Religiões do mundo:
em busca de pontos comuns, Campinas, Versus editora, 2004.
MARTINELLI,
Stefano. A religião na sociedade
pós-moderna: entre
secularização e dessecularização.
O
ALCORÃO, Base
de dados: http://www.livroesoterico.com.br,
Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do>,
acesso em: 01 ago 2012.
O
QUE É BUDISMO, Templo Zu Lai e
BLIA – Associação Internacional Luz de Buda, 2006.
SMITH,
Huston. As religiões do mundo:
Nossas grandes tradições de sabedoria, São Paulo, Cultrix, 2007.
VALLET,
Odon. Uma outra história das
religiões. São Paulo, Globo,
2002.
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