As formas de conhecimento se
apresentam para nós como fragmentárias e incompletas. Nem a
ciência, a filosofia e nem a religião podem ser consideradas donas
da verdade absoluta. O ensino religioso deve servir para a formação
do cidadão. Estes são os termos que caraterizam um professor do ensino
religioso são:
a) abertura para
alteridade do educando no sentido de respeitá-lo, ouvi-lo,
simpatizar e dialogar com ele;
b) ver todas as
alunas e alunos como iguais em direitos e deveres e, ao mesmo tempo,
diferentes em suas potencialidades e realizações;
c) ter consciência
de que o progresso científico e tecnológico não dá respostas para
todos os problemas; homens e mulheres continuarão a ser incompletos,
inacabados e, por isso, sempre buscarão respostas além do mundo
sensível e material;
d) buscar
continuamente a competência técnica (pedagógica), política
(relacionamento) e ética (comportamento) por meio do aprimoramento
contínuo do conhecimento (racional), no sentimento (emocional e da
operacionalização (prática);
e) evitar a simples
repetição de conteúdos e, ao mesmo tempo, ter consciência de que
o conhecimento não deve ser resultado apenas de
transmissão-assimilação de conhecimentos, mas conseqüência de
uma parceria que constrói novos conhecimentos cidadãos”
(CORDEIRO, p. 32).
O
ensino religioso não pode e
nem deve ser voluntariado, filantrópico ou dirigido por qualquer
tipo de interesse. Deve sim, ter formação específica, com
graduação em nível superior e educação continuada. Na formação
do professor deve haver sólida formação, de preferência na área
de Ciências da Religião, cuja graduação está em processo de
consolidação. Evitar-se-á o proselitismo, a doutrinação e a
catequese. Será proporcionada a democracia e o multiculturalismo com o
objetivo de que a licenciatura dê condições para a realização da
responsabilidade social. Para que o professor seja preparado na
competência para o ensino religioso exige-se consistência, método
e recursos didáticos e pedagógicos específicos. Fundamentados nas
Ciências da Religião e em outros processos de investigação, que
deixem claro o fenômeno religioso na história e nas sociedades,
seus símbolos, devem envolver colaborações de diversas ciências
na forma multidisciplinar (Cf. CORTELLA, 2007, p. 19-20).
Os campos do saber que se
envolvem na formação do docente do ensino religioso são
principalmente a história, a antropologia, a sociologia, a
psicologia, a filosofia e a teologia, em suas formas abertas para o
diálogo e as formulações multidisciplinares que envolvem as
diversidades religiosas. Neste sentido é que o “Ensino Religioso é
parte integrante fundamental da tarefa educativa e, como tal, precisa
de robusta base científica, religiosidade consciente, solidez
pedagógica e compromisso cidadão” (SENA, 2007, p. 20).
João Décio Passos nos propõe,
como hipóteses da prática educativa, duas tendências na história,
envolvendo a questão do ensino religioso. Em sua opinião “a
inserção plena do ER nos sistemas de ensino e nos currículos
escolares poderá ocorrer se efetivarmos o terceiro modelo baseado
nas Ciências da Religião” (PASSOS, 2007, p. 27). Tais modelos são
o catequético, o teológico e o das Ciências da Religião. Vale
lembrar que Passos nos coloca como tendências e não necessariamente
únicos modelos. O modelo catequético, mais antigo, demonstra a
religião como dominadora na sociedade. Em relação ao teológico há
discussões em relação à sociedade secularizada e tem bases
antropológicas. Já o modelo das Ciências da Religião possui
referências para o estudo como disciplina autônoma nos currículos
escolares (Cf. PASSOS, p. 28). Tais explicações históricas podem
fundamentar o jeito da formação docente em cada época e o que se
propõe para a formação docente atual. Ainda que, se a religião
for tratada de forma científica, se corram riscos, em relação a um
possível reducionismo, pode-se considerar que no ensino religioso
haverá mais consistência com relação à formação docente.
A postura do professor combina-se
atualmente com a proposta de ensino fundada nas Ciências da
Religião. Posto isto ter-se-á que aprofundar em que contextos as
Ciências da Religião estão postas no Brasil e em que sentido seria
melhor buscar seus significados para sua utilização no campo do
ensino religioso.
Referências
CORDEIRO,
Darcy. A evolução dos paradigmas e o ensino religioso. In: SILVA,
Valmor da (Org.). Ensino religioso -
educação centrada na
vida: subsídio para a formação de professores. São
Paulo, Paulus, 2004.
CORTELLA,
Mário Sérgio. Educação, ensino religioso e formação docente.
In: SENA, Luzia (Org.). Ensino religioso e formação docente:
Ciências da religião e ensino religioso em diálogo. São Paulo,
Paulinas, 2007.
PASSOS,
João Décio. Ensino religioso: mediações epistemológicas e
finalidades pedagógicas. In: SENA, Luzia (Org.). Ensino religioso
e formação docente: Ciências da religião e ensino religioso
em diálogo. São Paulo, Paulinas, 2007.
SENA,
Luzia (Org.). Ensino religioso e formação docente: Ciências
da religião e ensino religioso em diálogo. São Paulo, Paulinas,
2007.
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