sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Hinduísmo

O Hinduísmo se constitui de um conjunto de religiões da Índia. Há diversas formas de manifestações religiosas, dentre elas existem a religião popular e a filosofia religiosa. As raízes do Hinduísmo encontram-se na civilização do vale do Indo, que datam de 2500 a.C. A 1500 a.C.. A cultura dravídica, na Índia meridional e a religião dos árias no noroeste da Índia a partir de 1500 a.C. são consideradas desenvolvidas. Da religião ariana surge a Védica, fundada no sacrifício e possuem textos orais chamados Vedas. Os Vedas possuem diversas coletâneas de textos sagrados – Samhitas, Brahmanas, Upanixades – estas são Shruti que é “aquilo que se escuta”, onde está a verdade eterna, quando sofreram degeneração pela escrita. Existem outros textos que compõem o Smriti ou “aquilo que é lembrado”, São eles: Ramayana e o Mahabharata, onde está escrito o “venerado poema Bhagavad Gita. (Cf. FONAPER, 2000a, p. 7).
A sociedade védica (de vedas) parece originar-se da simbiose entre ética, misticismo, magia e ciência no primeiro milênio a.C.. O vedismo é uma forma religiosa do norte da Índia que influenciou todas as outras manifestações religiosas dos hindus. Veda “é o conjunto dos textos sagrados (escritos vários séculos após sua elaboração oral) com fins litúrgicos ou de sacrifício e que integram as revelações (shrutis) feitas pelas divindades aos rishis, sábios dos tempos védicos que também eram poetas e adivinhos” (VALLET, 2002, p. 120).
Na visão do Hinduímo não há origem: “é o caminho eterno que segue as regras e existências básicas da ordem cósmica à media que ela passa por ciclos infinitos”. (FONAPER, 200, p. 7). A fé dos hindus é como o Darma eterno.
A religião pré-védica é a mais conhecida pela civilização do vale do Indo. Nela há manifestação de símbolos de fertilidade e da Mãe-Terra e outros naturais como água, lótus (planta) e animais. O centro da força da terra estão em árvores e pilares (Idem).
Na religião védica a manifestação de deuses e deusas se dá em vários aspectos da vida. Todos os hindus reconhecem quatro objetivos de vida: darma, artha, karma e moksha. Há os quatro estágios da vida: Brahmakaria, grihastha, vanarasha, sannyasin. Na religião védica há um mundo de deuses e deusas elementares como Rudra e Indra e a trindade Brahma – que cria o universo no começo de cada ciclo – ; Vishnu – o que preserva; e Shiva – destrói e renova destruindo. “Os deuses se manifestam em avatares ou 'descendidos', quando aparecem na Terra. Os avatares mais importantes são só de Vishnu, principalmente quando aparecem como Krishna” (FONAPER, 2000a, p. 8).
As escola e tendências filosóficas que compõem o Hinduísmo são chamadas de darshanas:
  • Samkhya e Yoga: são os mais antigos. Samkhya é uma filosofia especulativa dualista e emancipacionista e Yoga é uma sistematização técnicas para alcançar a hiperconsciência (samadhi), através de práticas contemplativas objetivando atingir o estado de não-condicionamento.
  • Nyaya e vaisheshika: A Nyaya é penetrar, compreender ligando-se com a lógica. O Vaisheshika visa a explicar a origem, estrutura e evolução do universo numa configuração tomista.
  • Mimansa e Vedanta: O Mimansa constitui uma interpretação das escrituras védicas indicando os rituais e as cerimônias religiosas. O Vedanta é o darshama espiritualista e teísta e indica que a realidade não é como percebemos (Ilusão – maya) (Ibid., p. 8-9)
O essencial do Hinduísmo provém das escrituras Upanishads. Nelas há o diálogo entre o mestre e seu aluno na qual sua principal doutrina é “ainda que o poder de maya (a ilusão) faça o mundo parecer real, Brahman é a realidade última e sem forma” (FONAPER, 2000a, p. 9).
O atman – espírito ou alma – é indestrutível e idêntica ao Brahman. O Atman é determinado pelo karma (resultado das ações) que pode alcançar o moksha (libertação) através da samsara (nascimentos e mortes sucessivos) (Ibid.). Na concepção de Vallet há uma espécie de fusão do atman ao brahman que é o ser supremo e a personalidade se dissolve em um Si supremo” (VALLET, 2002, p. 123).
O darsham é o culto de contemplação da imagem e o puja é um ritual para o lar e o templo. O templo abriga a imagem de Deus e serve para trazer sua presença. Os hindus procuram evitar a contaminação do nível mundano e para isso preparam alimentos – vegetarianos (FONAPER, 2000a, p. 9).
As castas possuem importância em relação às funções realizadas pelas pessoas. Os varnas – como são chamadas as quatro castas no Hinduísmo – são:
  1. brahmanes: sacerdotes e profissionais liberais;
  1. kshatryas: dirigentes e militares;
  1. vaishyas: camponeses e mercadores;
  1. shudras: artesãos.
Inicialmente essas castas não eram tão rígidas como atualmente, serviam para demonstrar as qualidades e funções.
Os bhakti, no Hinduísmo, é a devoção que não necessita do sacerdote ou guru. Ela é a experiência da “união que existe entre a alma individual atman e o espírito universal Brahman”. (FONAPER, 2000a, p. 9).
O karma, caminho da ação, faz-se sem interesse, para que os feitos “bons ou maus não amarrem o atman (eu) a vidas sucessivas” (Ibid.). O Jñana – caminho do conhecimento – feito pelo guru (o que esclarece) com base nas escrituras “a natureza do Brahman, o universo e o lugar dos seres. A iluminação espiritual constitui-se no objetivo dos caminhos. A lei da verdade é o único Deus que manifesta-se nas formas de: criação (Brahma); preservação (Vishnu) e destruição (Shiva) (Ibid.).
No Hinduísmo não há um fundador e parece inexistir dogmas. Essa religião constitui-se de aspectos culturais que originaram a doutrina. Sua fé num Deus (em diversas formas), na autoridade dos vedas, na criação, conservação e destruição contínua, na transmigração das almas obedecendo o carma, na obediência da lei da varna e na libertação final constituem características fundamentais para o Hinduísmo. Além disto o respeito a todas as criaturas exige que alguns hindus sejam vegetarianos e outros sacrificam animais para se alimentar. Em relação a Deus alguns adoram Shiva e outro o Vishnu e as encarnações (Krishna ou Rama) e outros adoram deusas (Ibid., p. 11).

REFERÊNCIAS
FONAPER – Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso. Ensino religioso: capacitação para um novo milênio: O fenômeno religioso nas tradições religiosas de matriz oriental, Caderno 8, Caderno de Estudos Integrantes do Curso de Extensão – a distância – do Ensino Religioso,Brasília, [s/e], 2000a.
FONAPER – Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso. Ensino religioso: capacitação para um novo milênio: O fenômeno religioso nas tradições religiosas de matriz ocidental, Caderno 6, Caderno de Estudos Integrantes do Curso de Extensão – a distância – do Ensino Religioso,Brasília, [s/e], 2000b.

GAARDER, Jostein. HELLERN, Victor. NOTAKER, Henry. O livro das religiões, São Paulo, Companhia das letras, 2005.

KÜNG, Hans. Religiões do mundo: em busca de pontos comuns, Campinas, Versus editora, 2004.

MARTINELLI, Stefano. A religião na sociedade pós-moderna: entre secularização e dessecularização.

O ALCORÃO, Base de dados: http://www.livroesoterico.com.br, Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do>, acesso em: 01 ago 2012.

O QUE É BUDISMO, Templo Zu Lai e BLIA – Associação Internacional Luz de Buda, 2006.

SMITH, Huston. As religiões do mundo: Nossas grandes tradições de sabedoria, São Paulo, Cultrix, 2007.

VALLET, Odon. Uma outra história das religiões. São Paulo, Globo, 2002.

  

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